O período de férias é sempre um momento não só para descansar e relaxar, mas para refletir sobre a nossa situação atual e novos rumos. Dependendo dos lugares que visitamos, temos contato com ambientes, pessoas e culturas totalmente distintas, o que torna cada viagem uma experiência rica também em termos de conhecimento. Quando o quesito é o consumo, as experiências internacionais trazem à tona uma série de avaliações e consequências que afetam uma economia como um todo.
Passar alguns dias de férias nos Estados Unidos, por exemplo, onde o estímulo ao consumo interno é um dos principais pilares econômicos do país, nos faz questionar sobre as oportunidades que temos – e perdemos – no Brasil.
Quem estamos protegendo com a atual legislação?
A variedade de bens de consumo é tão grande e os valores são tão menores que é muito comum agências organizarem até mesmo roteiros focados em compras. Quantas famílias já não se dirigiram aos Estados Unidos unicamente para adquirir o enxoval para o filho ou para comprar um instrumento musical? Nos dois casos, mesmo considerando a multa de 50% sobre o valor que exceder a cota de isenção, o investimento vale a pena. Para quem quer consumir, as economias proporcionadas cobrem não apenas os gastos com a viagem, mas abrem uma janela imensa de oportunidade.
Se por um lado sabemos que as pessoas com melhor situação econômica têm acesso a todos esses bens, por outro lado temos a certeza de que a falta de acesso a essas mesmas oportunidades prejudica a maioria. Como resultado, nitidamente, o alto custo que pagamos no Brasil simplesmente colabora para o aumento da desigualdade social.
Apenas aqueles que não têm recursos para uma viagem internacional não cogitam a hipótese de compra do enxoval do filho no exterior. E as oportunidades vão além de bens de consumo de luxo. Um telescópio, por exemplo, poderia ser adquirido por muitos para melhoria dos estudos e da educação. No fim, quem estamos protegendo com a atual legislação?
Toda vez que volto de férias, penso no desperdício dos nossos possíveis talentos. Sempre me recordo de que, na época em que eu estava na faculdade, o melhor aluno da turma era um rapaz que, quando menino, vendia livros religiosos para chegar à escola. Quantas pessoas são iguais?
Entendo a questão de tentar proteger o trabalho no Brasil, mas precisamos de uma agenda de corte de impostos urgente para tentar mudar a situação. O protecionismo pode ser bom ou ruim. Precisamos avaliar quem está sendo prejudicado e definir uma agenda de inclusão do Brasil no mundo de forma bem mais rápida.