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Mulheres que sofrem preconceito por serem mães no ambiente de trabalho. Que ganham menos que os homens e outras mulheres sem filhos. Que são socialmente pressionadas a serem “perfeitas” – como mãe, como profissional, como esposa, como amiga. Que criam seus filhos sem a presença do pai. Cujo parceiro ou marido não participa da criação dos filhos e das tarefas domésticas. Que sofrem sobrecarga física e mental simplesmente por serem mães. A maternidade, que deveria ser tão comum à vida da mulher quanto seu papel de trabalhadora, muitas vezes se torna um peso quando conciliada com o trabalho fora do lar.

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Desde os tempos mais remotos a mulher realizou trabalhos diversos. Na antiguidade, compartilhava trabalhos de caça e agricultura com os homens. Na Idade Média, há relatos de que trabalhava em diversas profissões no povoado juntamente com o marido e a família. Com o surgimento do capitalismo e a Revolução Industrial, a mulher teve sua importância social diminuída e passou a desempenhar mais tarefas dentro do lar do que fora dele. É nesta época que se inicia a dupla jornada de trabalho feminino, em grande parte porque o ambiente laboral passou a ser totalmente separado da esfera doméstica e a carga das tarefas domésticas e de cuidado recaía sobre a mulher.

Hoje vivemos um momento de questionamentos e reflexões sobre a conciliação do trabalho com a maternidade: por um lado há uma clara divisão de valorização entre trabalho produtivo (que dá retorno financeiro) e reprodutivo (doméstico e de cuidado). Valoriza-se excessivamente o que é feito fora do lar com retorno financeiro, mas é esquecido que a base da sociedade está no trabalho invisível feito no ambiente doméstico. Também temos a escassa participação do homem no trabalho doméstico e de cuidado, sendo ainda hoje estas tarefas majoritariamente feitas por mulheres. Por outro lado, observa-se na nossa sociedade uma cultura de excesso de trabalho: o trabalhador ideal ainda é o que vive mais para a carreira profissional que para a família.

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Não, a situação que cotidianamente vivenciamos não está boa para ninguém. Precisamos equilibrar a jornada de trabalho produtivo à realidade das pessoas. Valorizar os outros papéis e ocupações que cada um desenvolve. Dar igual valor às tarefas domésticas e às tarefas laborais. Incentivar maior participação do homem no trabalho reprodutivo. Aceitar a naturalidade da vida sem buscar modelos de perfeição. Colocar na ordem de prioridades da vida a família acima do trabalho – tanto homens quanto mulheres. Estes podem ser caminhos eficazes para o papel de mãe equilibrar-se naturalmente com o papel de trabalhadora. Às mães trabalhadoras (dentro ou fora do lar), é isso que desejamos hoje: uma mudança cultural, para uma sociedade que apoie as decisões de todas.

Letícia Barbano é mestre em Terapia Ocupacional e pesquisadora em Family Talks.