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As profissões passam por reconfigurações na era da convergência tecnológica. Conceitos sobre convergência são divergentes na literatura acadêmica do campo da comunicação, mas para compreender essas transformações dentro desse contexto podemos defini-la como um processo contínuo de mudanças que acontecem de forma acelerada com o desenvolvimento tecnológico. Precisamos refletir sobre como vamos nos preparar para um futuro cada vez mais próximo. A sociedade sempre mudou, mas as transformações são mais evidentes nas revoluções. Foi assim na Revolução Industrial e tem sido dessa forma na Revolução Informacional.

O tempo parece passar rápido demais para as coisas que aprendemos. Ou seja, o que nos foi ensinado ontem já não nos serve hoje. Pense na sua profissão. Não existem novas técnicas para melhor desempenhar o seu ofício? Muita coisa aprendida no passado já não é obsoleta nos tempos atuais? O cenário da comunicação não é diferente. O jornalismo, por exemplo, passa por mudanças significativas. O jornalista assume mais funções e passa a entregar a sua matéria de acordo com o consumo do público. Na era da convergência de meios, o jornalista escreve sobre um fato para o jornal impresso, grava o áudio e o vídeo para o rádio e/ou para a internet...

Há muita discussão sobre o jornalista multimídia, aquele que passa a usar diferentes plataformas e narrativas para contar a mesma história e, assim, atender à preferência do seu leitor/ouvinte/telespectador/internauta. Não se pretende entrar aqui no âmbito da discussão do jornalista multimídia. Queremos falar sobre as relações do comunicador com o público, que com meios alternativos conquistou o seu espaço e poder. Axel Bruns, pesquisador australiano, descreve esse fenômeno como quinto poder. Se a imprensa é definida como quarto poder por fiscalizar o governo e outras esferas, o público passa agora criticar e acrescentar novas informações ao trabalho do jornalista.

O fenômeno colaborativo também é observado em outras subáreas da comunicação, como a da relações públicas. O profissional de relações públicas sempre procurou conhecer bem as preferências e idiossincrasias dos stakeholders (públicos estratégicos) de uma instituição, mas em um contexto de convergência ele necessita abrir mais canais de comunicação porque as pessoas querem registrar suas opiniões, suas críticas, suas reclamações. A proliferação das redes sociais digitais permite construir novos processos colaborativos, mas, por outro lado, também exige ações mais rápidas do profissional de relações públicas para não gerar crises que podem comprometer a imagem de uma organização.

E como o ensino tem se comportado diante de tantas transformações? Se durante muito tempo mercado e academia não dialogavam por questões diversas, hoje a tríade ensino, pesquisa e mercado é cada vez mais pertinente. No dia 17 de setembro, no Teatro da Reitoria, profissionais e professores de comunicação se reúnem para discutir essas mudanças. A organização do evento, que tem apoio do GRPCom, é da UFPR para comemorar os 50 anos do seu curso de Comunicação Social.

Claudia Irene de Quadros, jornalista e relações-públicas, pós-doutora em Comunicação pela Universidade Pompeu Fabra (Barcelona), é professora do curso de Comunicação e do programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPR. Este texto integra série especial de artigos sobre os 50 anos do curso de Jornalismo da UFPR.

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