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A Copa do Mundo acabou, com vitórias e derrotas para o Brasil. Vitórias tivemos fora de campo. O mundo conheceu melhor nosso país e reconheceu que organizamos uma das melhores Copas da história. Já a derrota veio em campo, especialmente com a goleada humilhante de 7 a 1 para a Alemanha.

Uma tragédia para nós, mas da qual podemos tirar lições. A principal é o planejamento por parte do governo alemão, que, mesmo sem uma intervenção formal, fez o futebol do país renascer após um fiasco na Eurocopa de 2000. Com humildade, os germânicos reorganizaram seu futebol e tiveram o esforço coroado no domingo, com o título mundial.

Humildade que, nesta Copa, faltou aos atletas e comissão técnica brasileiros, que, mesmo como anfitriões, recolheram-se aos vestiários e nem sequer assistiram à entrega das medalhas pelo terceiro lugar aos holandeses. Humildade e respeito que também faltaram a parte da torcida brasileira, que vaiou e xingou nossa maior autoridade, a presidente da República.

Muitos comparam nosso vexame em campo aos fracassos que o país acumula na área política. Não é minha pretensão atacar ou defender partido A, B ou C. Mas, se nossa situação fora de campo pode ser comparada a uma goleada vexatória, isso se deve a um único motivo: nós, cidadãos, assim o permitimos. O que presenciamos nas últimas décadas, quase sem reação, é uma disputa entre grupos político-partidários que têm como objetivo comum se perpetuar no poder, por questões políticas e ideológicas ou por interesses pessoais.

A vergonhosa derrota no futebol deve servir para despertar uma profunda reflexão sobre o país. Sobre a situação da economia e a falta de investimentos em infraestrutura, educação, saúde e segurança. Ainda mais quando 40% de nosso PIB correspondem a impostos, mostrando que não faltam recursos, mas uma gestão eficiente e que evite que grande parte deles escorra pelo ralo da corrupção.

Acima de tudo, essa comoção deve servir para despertar a consciência de que todos devemos nos envolver na política. É inadmissível que milhões de brasileiros – o que inclui toda a massa que faz o país andar, como operários, industriais, comerciantes, agricultores ou profissionais liberais – sejamos manipulados por uma minoria de privilegiados. Uma casta de políticos eleitos e de pessoas por eles indicadas para ministérios, secretarias estaduais e municipais e cargos comissionados em todos os níveis que, talvez, no máximo lote o Maracan㠖 o que representaria 0,05% da população. E que governa para seus próprios e escusos interesses, em detrimento da coletividade.

Mudar esse comportamento e o quadro político é difícil, mas não impossível. Passada a Copa, é preciso lembrar que 2014 é ano de eleições. E, mais importante do que escolher presidente ou governadores, é fundamental eleger um Congresso Nacional que assuma seu compromisso constitucional de promover as reformas de que o Brasil tanto precisa. Passar o Congresso a limpo é palavra de ordem. É preciso mandar para casa aqueles que há décadas usufruem das benesses do poder. Isso inclui os partidos e políticos que insistem em se perpetuar indiretamente, ousando usar seu prestígio nas urnas para eleger esposas, filhos ou netos, como se ainda vivêssemos nos tempos das capitanias hereditárias.

Que o eleitor busque informações sobre os candidatos, analise seu histórico e seus compromissos com a coletividade e com as questões essenciais para o Brasil. E que, inspirando-se na mensagem da parábola bíblica do joio e do trigo, escolha pessoas de bem, excluindo da política quem atua por interesses pessoais ou privilégios para poucos.

Edson Campagnolo é presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

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