Estabelecer um paralelo do atual cenário político brasileiro com episódios marcantes da nossa história não é uma tarefa das mais complicadas. De Getúlio a Jango, setores conservadores da sociedade se colocaram contra a trajetória do processo democrático para desestabilizar governos com pautas progressistas.
Evitar que um novo episódio desses aconteça é apenas um dos motivos que levam os movimentos sociais para as ruas de todo o Brasil nesta quinta-feira, dia 20. Vamos defender os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras. Contudo, é preciso deixar claro que defender a democracia não significa se furtar de fazer críticas ao governo federal, como no caso da política econômica equivocada ou de projetos que tramitam no Congresso Nacional e que lesam os direitos dos trabalhadores.
De Getúlio a Jango, setores conservadores da sociedade se colocaram contra a trajetória do processo democrático
Um exemplo é o PL 4.330/2004, votado na Câmara e que tramita no Senado como PLC 30/2015. Se aprovado e sancionado, transformará o Brasil em um grande mar de terceirizados, rasgando de vez a CLT. Menos direitos, salários menores, jornada de trabalho ampliada e mais riscos de acidentes, inclusive os que envolvem morte. Esse é o cenário apontado pela análise de órgãos de pesquisa como o Dieese.
No Paraná, ainda teremos uma bandeira extra: a defesa dos empregos do HSBC. Após adquirir o banco Bamerindus por alguns tostões, a instituição financeira lucrou durante anos no Brasil e agora, alvo de denúncias de lavagem de dinheiro, espionagem e métodos de gestão agressivos aos seus funcionários, fecha as portas e simplesmente vira as costas para 22 mil trabalhadores e suas famílias.
Ainda nessa perspectiva combatemos o arrocho proposto pelo ministro Joaquim Levy. As medidas provisórias 664 e 665, o aumento dos juros via taxa Selic e outras iniciativas do chamado ajuste fiscal são apontadas como solução quando na verdade apenas agravam ainda mais a crise. Não podemos admitir políticas que penalizem os mais pobres sem mexer com o andar de cima. Onde foram parar a taxação das grandes fortunas e os impostos sobre artigos de luxo?
Também vamos às ruas em defesa da Petrobras. Um dos principais polos de investimento, pesquisas e recursos financeiros para o Brasil está sendo alvo de ataques que chegam à própria direção da estatal. Queremos que todas as irregularidades sejam investigadas e punidas no rigor da lei, mas não permitiremos que esse processo prejudique a maior empresa pública do país.
A proposta do senador José Serra (PSDB-SP) de acabar com a exclusividade da empresa para exploração do pré-sal é outro acinte. Neste caso, como ficariam os recursos dos royalties já previamente destinados à educação pública? Não abriremos mão desse direito e nem permitiremos que empresas estrangeiras se apoderem da Petrobras.
A ofensiva, portanto, não começa e nem termina mirando o mandato da presidente Dilma Rousseff. O objetivo é travar a pauta de avanços e direitos sociais. Por isso, defender o atual mandato da presidente nada mais é do que um voto extra para a democracia. Fazer valer o direito das urnas conquistado com muito suor, sangue e até mesmo vidas. Neste momento é preciso fortalecer as instituições democráticas e não destruí-las.
Por fim, o combate à corrupção sempre foi uma bandeira da esquerda brasileira e mundial, e defendemos a apuração em qualquer caso de corrupção de todos os atores envolvidos.
Queremos continuar transformando este país. É por isso que, em defesa da democracia, dos avanços e dos direitos sociais, estaremos nas ruas em todo o país neste dia 20 de agosto.