E Pôncio Pilatos perguntou à multidão: “Qual desses dois quereis vós? E o povo respondeu: Barrabás, o ladrão”. (Mateus 27,21). Dois mil anos se passaram e o povo continua escolhendo os ladrões, os aventureiros, os corruptos, os falsos líderes.
Recebi de um amigo uma reflexão sobre a diferença entre as nações ricas e pobres, na qual argumenta que o que diferencia umas das outras não é a sua idade. Índia e Egito, lembra, têm mais de 2 mil anos e ainda são países pobres. Já Canadá, Austrália e a Nova Zelândia, que há 150 anos eram insignificantes do ponto de vista econômico, hoje são países desenvolvidos e ricos.
Frisa também que essa diferença não depende dos recursos naturais disponíveis, visto que o Japão, com um território limitado, com 80% de montanhas, é a segunda economia mundial. A Suíça, com um pequeno território e sem plantar cacau, é o melhor produtor de chocolates do mundo, além de fabricar os melhores produtos leiteiros. Fatores raciais ou de cor, segundo ele, também não têm importância.
Qual é a diferença?, pergunta. A diferença é a atitude das pessoas, moldadas pela educação e cultura. Quando se analisa o comportamento das pessoas dos países ricos, se observa o respeito aos seguintes princípios de vida: ética, integridade, responsabilidade, respeito pelas leis e aos direitos dos outros, amor ao trabalho, esforço para poupar e investir, produtividade, pontualidade e orgulho de cumprir com o seu dever. Uma pequena minoria segue esses princípios básicos em sua vida em países pobres.
Estamos neste estado socioeconômico precário porque queremos levar vantagem sobre tudo e todos e também porque sempre raciocinamos: ‘não é problema meu’
Somos pobres porque nos falta atitude. Falta vontade de seguir e ensinar esses princípios. Estamos neste estado socioeconômico precário porque queremos levar vantagem sobre tudo e todos e também porque sempre raciocinamos: “não é problema meu”.
Ele encerra a reflexão dizendo que deveríamos ler mais e agir mais; só então seremos capazes de mudar nosso estado precário.
Há 2 mil anos, Públio Marco Cévola, eleito cônsul na República Romana em 175 a.C., disse: “Assisto, com isenção de ânimo, à decadência constante da minha pátria. Quando uma nação se torna corrupta e cínica, preferindo o governo dos homens e não o governo da lei, é que começa a sua destruição. O homem nunca aprende com a história de nações que pereceram no passado. Segue o mesmo caminho para a morte. É de sua natureza, que é inerentemente má. Vamos pensar nos representantes do povo. Quem recebe os votos do povo: o homem virtuoso ou o homem mau, que é extravagante em suas promessas? O homem mau, invariavelmente. Nem importa que o mau não cumpra as promessas! O povo não liga, nem o faz lembrar-se delas. Basta saber que ele é mau e que os reflete. As multidões estão mais à vontade num clima maligno do que num clima de bondade, que os constrange e descompõe, pois é contra sua natureza”.
Você percebe que uma nação é pobre e está em decadência quando a maioria de sua população prefere ser governada por um ladrão convicto, o maior corrupto da história, com patrimônio incompatível com o cargo que exerceu, um homem mau, um Barrabás.
Leia também: Por que detestamos candidatos ricos? (artigo de Leonardo de Siqueira Lima, publicado em 30 de agosto de 2018)
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Você percebe que uma nação é medíocre quando sua população, que se diz contra toda forma de corrupção, votará em candidatos já denunciados e que se perpetuam no poder.
Você percebe que uma nação é corrupta quando membros da mais alta corte de Justiça preferem o governo dos homens e não o governo das leis; quando, sob seu ponto de vista, os corruptos legalmente condenados merecem perdão.
Você percebe que uma nação é pobre, medíocre, decadente e corrupta quando seus cidadãos não se fazem respeitar, não respeitam o próximo, não têm mínima educação, querem levar vantagem em cima dos outros, não têm ética, integridade e responsabilidade, muito menos respeito às leis. São esses cidadãos ignorantes e medíocres que fazem a diferença entre uma nação pobre ou rica.
O futuro jamais chegará a essa nação. Seus habitantes não deixam e não agem: “Não é problema meu”.
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