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Sou fã dos Jogos Olímpicos e sempre me empolgo quando escuto um único acorde da música-tema de Carruagens de Fogo. Desde pequeno, sempre quis participar dos Jogos, mas, apesar da paixão por esportes, nunca fui atleta. Mesmo assim, nunca desisti de meu sonho. Sempre soube que, para um foguete chegar à Lua, os astronautas precisavam do apoio de muita gente na Terra. Pensando assim, numa tarde de 2004, ainda na faculdade, vi uma matéria sobre os voluntários dos Jogos de Atenas. Era a minha chance de "mandar foguetes ao espaço". No mesmo dia, me inscrevi no programa de voluntários para os Jogos Olímpicos de Inverno de Turim, em 2006. Repeti a dose em 2010, em Vancouver. Trabalhei na assessoria de imprensa e com a delegação brasileira, respectivamente. Tive de pagar minhas passagens e acomodação, trabalhei com o pé na neve por longas horas, em temperaturas de até 10 graus negativos, mas não me arrependo, em nenhum momento, de ter gasto minhas férias e dinheiro trabalhando, de graça.

Pelo contrário: ganhei muito mais do que qualquer outro trabalho no mundo poderia me dar. Tive a oportunidade de cruzar com os maiores nomes do esporte mundial na Vila Olímpica. Vi, com um dia de antecedência, tudo o que ia acontecer nas cerimônias de abertura e encerramento. Assisti a várias competições enquanto trabalhava. Tirei fotos com torcedores de todos os cantos. A credencial liberava meu acesso ao transporte público, dava desconto nas lojas oficiais, e o uniforme de trabalho era o mais legal do mundo, que me rendeu histórias inesquecíveis, como quando no meu voo de volta, na escala em Munique, um grupo de adolescentes franceses pensou que eu era um atleta de verdade, voltando para casa. Na era pré-smartphones, entrei na onda e não perdi a chance de me sentir como tal. Devem ter sido uns 40 autógrafos e 20 minutos de fotos, pelo menos. A diversão era garantida, mas não foi só isso.

Também ganhei muito conhecimento. Aprendi como funciona um megaevento esportivo, e vi de perto o tamanho de toda a estrutura envolvida. Descobri um mundo de oportunidades e decidi ali que meu futuro profissional estaria ligado ao mundo dos esportes e entretenimento. Conheci bastante gente do mercado e criei uma rede de contatos muito boa, que até hoje me rende bons frutos. Um desses contatos não só foi o responsável por me falar do mestrado em Gestão Esportiva que eu faria alguns anos depois (o Fifa Master), mas também seria meu chefe desde a minha volta ao Brasil até hoje. Da mesma forma, conheci também centenas de outros voluntários, dos quais vários se tornaram meus amigos.

As inscrições para o programa de voluntários dos Jogos Olímpicos de 2016 terminam no dia 15. Pode parecer bobagem, mas tenho a certeza de que ser voluntário é muito mais do que simplesmente trabalhar de graça. É ter a chance de fazer parte da história. É fazer história. É ter muita história pra contar. Como diria aquele slogan, não tem preço!

Henrique Pelosi, ex-voluntário olímpico (2006 e 2010) e consultor de marketing esportivo, é administrador de empresas pela FGV-Eaesp e mestre em Direito, Gestão e Ciências Humanas do Esporte (Fifa Master) pelas universidades de DeMonfort (Inglaterra), SDA Bocconi (Itália) e Neuchâtel (Suíça).

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