Um dos principais objetivos do presidente eleito em outubro de 2022 deveria ser o investimento em educação visto que é um dos principais mecanismos para aumento da renda e produtividade, além de crucial na redução das desigualdades.
A qualidade das escolas e o nível de suporte familiar às crianças são deficientes no Brasil. A paralisação das escolas durante a pandemia agravou tal cenário, com defasagens ainda maiores que ficaram aparentes na volta ao ensino presencial nos mais diversos níveis de ensino, mas com maiores perdas para as crianças provenientes de famílias pobres.
A falta de prioridade do governo federal torna o cenário ainda mais crítico. No atual governo já foram quatro ministros da educação, sendo que nenhum deles é reconhecido pelas qualidades técnicas em gestão ou experiência na área. Quais foram as políticas adotadas pelo Ministério da Educação para melhorar a qualidade do ensino a partir de 2019? Difícil dizer.
Para melhorar a educação, precisamos tornar a profissão de professor mais atraente para que pessoas mais preparadas optem pela docência, profissão tão nobre, mas tão desvalorizada em nosso país.
O investimento na educação ocorre, sobretudo, por meio dos estados e municípios. No entanto, o MEC possui papel central na coordenação das políticas públicas educacionais e nas parcerias com estados e municípios para fomentar as melhores práticas no sistema educacional.
A redução do ICMS para baixar os preços dos combustíveis e energia foi mais um duro golpe na educação, pois esse imposto é o principal financiador do nosso sistema educacional. Estamos vendendo o futuro do país para criar um alívio de curto prazo. Mais uma política populista desastrada.
Para melhorar a educação, precisamos tornar a profissão mais atraente para que pessoas mais preparadas optem pela docência, profissão tão nobre, mas tão desvalorizada em nosso país. Precisamos investir na qualificação dos professores, melhorar sua remuneração e fornecer melhores condições de trabalho. Como podemos pensar que há um futuro para o país sem professores qualificados e motivados? Os cargos de direção das escolas precisam ser exercidos por profissionais capacitados e com experiência em gestão e não por indicação política como ocorre em várias regiões do país. Também é relevante premiar as escolas que conseguem maiores avanços nas provas que medem o aprendizado e dar mais apoio aos alunos com maiores defasagens educacionais.
Outro ponto importante para uma educação de qualidade é aumentar a proporção de escolas em período integral onde as crianças possam aprender habilidades como interpretação e elaboração de texto, fazer contas e resolver problemas, além das habilidades de relacionamento. É preciso trazer para sala de aula os avanços que a ciência tem feito sobre as formas de elevação das habilidades socioemocionais e resiliência de nossas crianças, o que será mais factível com as crianças passando mais tempo na escola.
Por fim, é fundamental dar suporte às famílias pobres de forma a aumentar o seu acesso aos serviços de saúde, psicológicos e manter os programas de transferência de renda para que elas tenham as condições mínimas para uma alimentação saudável, moradia e vestuário. O ambiente familiar é crucial para o desenvolvimento das crianças, inclusive no seu desempenho dentro da sala de aula.
Precisamos investir em nossas crianças agora e não vender seu futuro com políticas populistas que tendem a manter o país em um processo de subdesenvolvimento econômico e social.
Luciano Nakabashi é doutor em economia e professor associado da FEARP/USP.
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