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Não sangrem a bandeira

A Petrobras vai bem e poderia ir melhor se não tivéssemos uma crise internacional sem precedentes desde 2008, e se a empresa não sofresse ataques políticos permanentes. Mesmo assim, tem ampliado seus negócios – inclusive com a compra de Pasadena, que gera US$ 500 mil de lucro por dia, em plena capacidade de 100 mil barris/dia, com resultado positivo.

Sobre a CPI alardeada, não sou contra a apuração dos fatos, ou do negócio, pressupondo ser lucrativo ou não, porque sou cidadão brasileiro e luto pelo patrimônio do meu país. A qualquer custo. Mas ninguém, por mais leviano que seja, pode condenar alguém antes de uma apuração pelos meios técnicos e administrativos da própria companhia e das instâncias dos órgãos públicos de fiscalização.

Não há fato novo a não ser o pronunciamento sincero da presidente da República, Dilma Rousseff. O que não podemos admitir é dar uma conotação política ao negócio da empresa. Trata-se de uma relação comercial de grande porte. E, como afirmou a presidente da República, houve problemas contratuais. A proposta foi aprovada pelo Conselho de Administração porque era vantajosa para a companhia e atendia ao planejamento estratégico daquele momento. A recomendação positiva também foi aprovada por instituição financeira contratada apenas para avaliar o negócio.

Diante desse quadro, o que o Congresso Nacional pode acrescentar? O Congresso não é o fórum adequado para esse assunto, porque estará contaminado pela disputa eleitoral e nunca para esclarecer a questão. A CPI é o melhor instrumento de apuração? Com candidatos que não empolgam, a oposição quer requentar um tema de 2006 para enfrentar a eleição de 2014. O MPF, a PF e o TCU estão investigando com independência. E se houver um ou mais culpados, eles têm de ser responsabilizados em nome da nação. Uma CPI ampliaria esse trabalho?

O que vemos hoje, pelo menos no Senado, é um parlamentar em evidência, que prega o sensacionalismo barato, típico de quem deseja que haja animais feridos e fica à espera de sua morte para saborear a carcaça. Isso jamais vai acontecer com a Petrobras. Infelizmente, as CPIs têm sido palco de parlamentares reconhecidos pelo seu frenesi e vedetismo à espera dos holofotes, cuja atuação não se conecta com as reais demandas dos seus eleitores.

Lembramos ao povo brasileiro (esse, sim, é quem interessa) que a Petrobras contabilizou em 2013 lucro líquido de R$ 23,57 bilhões, 11% superior ao de 2012. Foi responsável pela descoberta de grandes reservas de petróleo encontradas nos últimos 12 anos e continua firme, com alto grau de investimento, segundo agências de classificação de risco. Ressaltamos, ainda, o sucesso da empresa com a descoberta do pré-sal, com a extração de 400 mil barris/dia, e que desperta a atenção do mundo. Mais salutar ainda foi a determinação do governo federal de canalizar grande parte desse potencial em dinheiro para a educação.

A Petrobras é fruto de 60 anos de trabalho dos brasileiros. Desde o período Lula vivemos um círculo virtuoso, com a descoberta do pré-sal, a valorização da empresa e a construção de plataformas com conteúdo nacional. Superamos a fase dos desastres ambientais, como o afundamento da P37, e das ameaças tucanas de privatização. Investigar, sim, mas sem sangrar a nossa bandeira.

André Vargas, deputado federal (PT-PR), é primeiro-vice-presidente da Câmara Federal.

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