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Natal, a festa do encontro

A partir do nascimento de Jesus, o encontro da humanidade com a divindade nunca mais foi o mesmo, porque em Jesus Deus se fez homem para que os homens vivessem da vida de Deus. (Foto: Walter Chávez/Reprodução/Unsplash)

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O Natal é a festa do encontro. Encontro de Deus com os homens e encontro dos homens com Deus. Já desde o anúncio do anjo Gabriel encontros foram provocados: Maria com Isabel; Jesus com João Batista (os dois ainda no ventre); Maria e José; anjos com os pastores; e também a Sagrada Família com os reis magos e pastores.

A partir do nascimento de Jesus, o encontro da humanidade com a divindade nunca mais foi o mesmo, porque em Jesus Deus se fez homem para que os homens vivessem da vida de Deus. Encontrar-se aparece como uma vocação especificamente humana. Somente os seres humanos têm interioridade para permitir que um outro o habite e, ao mesmo tempo, poder habitar um outro; uma relação que é constitutiva, porque somos profundamente orientados para a comunhão.

O encontro com o Menino Jesus nos ensina que a nossa verdade, ou nossa felicidade, está na humildade, na simplicidade, na bondade, na acolhida. Encontrar-se com esse bebê é descobrir que a nossa vida está escondida em Deus, assim como a divindade se esconde na manjedoura.

No Natal aprendemos que, de todas as figuras natalinas, o Menino Jesus é a que mais nos atrai; e é ele que nos propõe um encontro que nos leva para dentro de nós mesmos em profundidade e verdade. Diziam de Sócrates, o grande filósofo grego, que ao conversar com ele sobre qualquer assunto acabava-se aprendendo mais sobre si mesmo.

O encontro com o Menino Jesus nos ensina que a nossa verdade, ou nossa felicidade, está na humildade, na simplicidade, na bondade, na acolhida. Encontrar-se com esse bebê é descobrir que a nossa vida está escondida em Deus, assim como a divindade se esconde na manjedoura. Nos tempos atuais, encontrar-se tornou-se algo epidérmico, efêmero, acidental. Os valores propostos no Natal podem nos ajudar a nos tornarmos mais humanos, mais plenos e realizados.

Aos jovens da Grécia, o papa Francisco lhes disse que muitos “estão nas redes sociais, mas não são muito sociáveis”, vivendo “prisioneiros dos seus celulares”. Disse ainda que “corremos o risco de esquecer quem somos, obcecados por milhares de aparências, por mensagens esmagadoras que fazem a vida depender das roupas que vestimos, do carro que conduzimos, da maneira como os outros nos olham”.

Para fugir da ditadura das aparências que nos escravizam com suas exigências esmagadoras, o papa nos convida a voltar ao essencial. Assim como nos pede o Menino Jesus na manjedoura. O essencial é encontrar-se para servir. A manjedoura era o lugar onde se colocava o alimento para os animais. Jesus, ao encontrar-se com a humanidade desde uma manjedoura, deixa a potente mensagem de que a nossa verdade é sermos alimento para os outros. Servir e amar, esta é a gritante proposta do presépio.

Jesus nos ensina que devemos buscar apenas o necessário, para nos libertarmos interiormente de todas as falsas certezas, e construir nossa personalidade desde os estratos mais profundos de nosso ser. Os metais menos nobres sempre estão na superfície, mas os mais nobres estão nas profundidades. Também a nossa felicidade não está nas aparências, na compulsória necessidade de notícias e novidades, mas no encontro profundo e real com Deus. Ao escolhermos em nós o que é o mais principal, escolhemos o que mais nos assemelha a Deus; se escolhemos o que em nós é periférico e aparente, desconfiguramos nossa imagem e a imagem de Deus em nós.

O Natal é a festa do encontro, encontros verdadeiros, profundos e duradouros! Que encontremos neste Natal o menino em sua manjedoura, nos alimentemos de sua mensagem e nos tornemos alimento para o mundo faminto de Deus!

Alexandre Borges é coordenador da Pastoral no Colégio Marista Criciúma.

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