A metralhadora giratória de Lula não deixou em pé um único partido governista disponível para se coligar com o PSB e assim dar impulso e tempo de tevê para o eventual candidato Ciro Gomes.
Já caíram a cúpula do PMDB e mais PR, PP, PRB e, na outra ponta, o PC do B, enquanto Lula mira também o PDT. Com o PT, são sete siglas. Sobra o PTB, que tende a marchar com a oposição (PSDB-DEM-PPS), dividindo-se no caminho.
Vencidas as resistências dos partidos, Lula recarrega a metralhadora giratória e aponta para o peito (ou o coração) dos candidatos.
Primeiro, botou Ciro debaixo do braço e saiu com ele e com Dilma por aí, para fotos e trocas de elogios às margens do São Francisco. Chega a vez de Marina Silva (PV), que vem sendo coberta de elogios por lulistas. Nem Aécio Neves, teoricamente de oposição, escapa.
Bastou Ciro se mostrar mais robusto nas pesquisas do que Dilma para ele engrossar a voz. Mas bastou que Lula o enchesse de elogios, gentilezas e viagens para que afinasse rapidamente.
Com Marina, queridinha de círculos intelectuais ou de vanguarda, Lula vai tentar repetir o enredo. Ele diz que Marina é "uma pessoa boa"; Marco Aurélio Garcia, o quanto ela tem tudo a ver com o projeto petista; Dilma, o quanto é bom ver as mulheres tão combativas, defendendo causas tão nobres.
Por fim, Aécio. Ao mesmo tempo em que desidrata as chances de apoio partidário a Ciro e a Marina, Lula infla o ego, as idiossincrasias e o poder de fogo de Aécio contra Serra, adversário mais temido. Rodrigo Maia, presidente do DEM, colabora com a estratégia lulista ao declarar preferência por Aécio. Ciro colabora mais ainda ao dizer que, contra Aécio, não concorre.
Em entrevista a Kennedy Alencar, da Folha, Lula explica o porquê da metralhadora giratória: no Brasil, até Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.
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