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No “novo” Oriente Médio, China ganha cada vez mais prestígio

A ditadura de Xi Jinping foi mediadora do restabelecimento das relações entre Irã e Arábia Saudita, e tenta negociações de paz na Ucrânia, em Israel e no Iêmen (Foto: EFE/André Coelho)

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Em meados de maio, o Arab News, um jornal da Arábia Saudita, encomendou uma pesquisa entre os palestinos. Os entrevistados deveriam responder a uma pergunta específica: "Em qual dessas potências mundiais você mais confia como um mediador justo entre palestinos e israelenses?". A Rússia liderou as respostas com 25%, seguida por EUA (23%), União Europeia (22%), China (18%) e Japão (11%). Embora os EUA tenham alcançado o segundo lugar, o país ganhou preferência de 59% quando a pergunta foi sobre em quem os palestinos menos confiavam. Este resultado colocou os norte-americanos na dianteira, com folga em relação ao Japão, que ficou com a segunda colocação no ranking (18%) da desconfiança.

A surpresa do estudo foi a China, que recebeu 80% de aprovação dos entrevistados para que o país passe a exercer algum papel nas negociações entre israelenses e palestinos. Os resultados dessa pesquisa se materializam na realidade do Oriente Médio. Se antes os chineses buscavam "tranquilizar" os EUA sobre seu interesse apenas "econômico" na região, este jogo virou. E rapidamente. Há um novo e inegável eixo de poder regional protagonizado por Rússia, China e Irã. Este é um dado que se torna a cada dia mais concreto e perceptível. Os chineses conseguem, a partir de suas vitórias diplomáticas, reafirmar ao público a ideia de que são parceiros viáveis e de sucesso. As conquistas econômicas formam o lastro necessário para impulsionar e legitimar a atuação na política internacional.

Em março, a mediação chinesa do acordo que restabeleceu relações diplomáticas entre Irã e Arábia Saudita exerceu grande influência sobre a região. Em especial sobre os países árabes, que passaram a considerar a China um interlocutor confiável, ao contrário dos EUA. Durante o governo do ex-presidente Donald Trump, a concessão de "prêmios" a Israel parece também ter cristalizado as desconfianças do público, a chamada "rua" árabe. Os resultados da pesquisa mostram o tamanho desse impacto.

É difícil não relacionar o mandato do ex-presidente e as ações favoráveis a Israel: a transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém, o reconhecimento da soberania israelense nas Colinas de Golã e o chamado "Acordo do Século", um plano de paz que praticamente inviabilizava a existência de um Estado palestino na Cisjordânia. Hoje, Rússia e China usufruem de enorme prestígio entre os palestinos e as lideranças árabes. Agora, a região encara os chineses como parceiros diplomáticos. Os norte-americanos assistem a esses movimentos e pensam em caminhos para recuperar o prestígio perdido e a posição central que já exerceram no Oriente Médio. Neste momento, é improvável imaginar que isso aconteça de uma maneira capaz de conter a força do novo eixo existente. Por enquanto, a China surfa nesta onda sem ser incomodada.

Henry Galsky é diretor executivo do site israeldefato.com.

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