Eventos climáticos extremos são aqueles relacionados a condições climáticas extremas como, por exemplo, inundações, ondas de calor e frios intensos, secas e tempestades. Desde o início dos anos 2000, cientistas do mundo todo têm se debruçado em estudos para verificar se, de fato, os eventos extremos observados nas últimas décadas em todo o planeta estão relacionados às mudanças climáticas. A resposta é: há muitas evidências (cada vez mais novas e mais fortes) que confirmam que muitos desses eventos estão relacionados às atividades humanas e, consequentemente, às mudanças climáticas.
Especialmente no Brasil, nos últimos 50 anos pode-se observar aumentos excessivos de chuvas em determinadas épocas, causando cheias e inundações. Porém, em algumas regiões, nota-se o aumento das secas severas no mesmo período. Atualmente, a pior seca dos últimos 100 anos no país demonstra a veracidade dessa informação. No entanto, para além dessa estiagem (que já pode ser considerada um evento extremo), recentemente tivemos três outros eventos importantes: duas tempestades de areia e um tornado, todos no interior do estado de São Paulo.
Há muitas evidências (cada vez mais novas e mais fortes) que confirmam que muitos desses eventos estão relacionados às atividades humanas e, consequentemente, às mudanças climáticas.
As tempestades de areia proporcionaram imagens dignas de um filme apocalíptico. Esse evento está relacionado com o grande período de seca vivenciado nos últimos meses, o que gerou um ressecamento intenso do solo que, por sua vez, foi lançado para a atmosfera por ventos fortíssimos no local. Já o tornado – com ventos de mais de 80 km/h, raios e granizo – causou severos prejuízos de infraestrutura na cidade de Pirassununga (SP) e, felizmente, não deixou mortos, ao contrário das tempestades de poeira.
Um relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e seus impactos nos oceanos (IPCC/ONU) apontou que, de fato, as catástrofes relacionadas às tempestades tropicais, ciclones, fortes chuvas e inundações estão aumentando a cada década e essa tendência de aumento está fortemente associada às mudanças climáticas causadas pelos seres humanos.
Eventos climáticos extremos já causaram mais de 500 mil mortes e afetaram mais de 2,8 bilhões de pessoas em todo o planeta, desde os anos 1980. Assim, situações prolongadas e sistemáticas desse tipo já estão causando alterações significativas no desenvolvimento e expansão de áreas costeiras, modificações nos processos de urbanização, alterações nos ciclos de plantio e colheita de alimentos e, não menos importante, na dinâmica de vida dos moradores locais.
Esses alertas que a própria natureza nos traz devem servir de base para implementações de políticas nacionais e internacionais urgentes que visem frear ao máximo esses prejuízos causados pelas mudanças climáticas. Por isso, estamos apostando todas as nossas fichas na COP-26, que será realizada de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, no Reino Unido, e reunirá representantes de 197 nações, incluindo o Brasil, para discutir as mudanças climáticas e os compromissos dos países para combatê-las. Nossas expectativas são altas em relação às posturas dos nossos líderes mundiais, já que são eles que determinarão o futuro do nosso planeta e, por conseguinte, o nosso futuro.
Rodrigo Silva é biólogo, doutor em Biofísica Ambiental e professor de Gestão Ambiental no Centro Universitário Internacional Uninter.