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Em 2015, tivemos overdose de notícias econômicas. A economia anda chata. Em parte, a culpa é da preponderância de assuntos enfadonhos da política econômica, que é o meio pelo qual o governo interfere no funcionamento do sistema. As áreas mais interessantes da economia são a filosofia (que estuda as ideias sobre a organização da sociedade para produzir, distribuir, consumir e acumular) e a teoria (que explica como funcionam os sistemas econômicos).

Na imprensa diária, fala-se pouco da teoria e menos ainda da filosofia econômica. Assim, perdemos o mais interessante. Na luta para viver e sobreviver, o ser humano tem como desafio primordial a manutenção do corpo – alimento, abrigo, repouso –, seguido da busca pelos bens da mente e do espírito. As necessidades humanas são múltiplas e ilimitadas, enquanto os recursos para atendê-las são escassos e limitados, e o processo de transformar recursos em bens e serviços consumíveis implica trabalho, esforço, sacrifício.

A economia é a ciência das escolhas. Pense num exemplo: uma árvore é derrubada e a madeira pode ser usada para construir janelas (bem do corpo, o abrigo) ou esculturas (bem do espírito, a contemplação). Se utilizada para fazer janelas, a madeira não está disponível para fazer esculturas, e vice-versa. Logo, a sociedade tem de escolher. No capitalismo, o mecanismo de escolha é o mercado, o encontro entre os ofertantes (produtores) e os demandantes (os consumidores).

O governo não cria riqueza. A riqueza é criada pelas pessoas e pelas empresas

Um recurso (escasso) aplicado em uma coisa não pode ser aplicado em outra, e isso vale também para o tempo. Horas gastas no boteco são horas não gastas na escola. Além do tempo, a educação e outras escolhas consomem dinheiro e esforço físico e mental. Na vida, não há colheita sem plantio. Além de demandar trabalho e esforço, toda escolha implica renúncia. O processo de escolher ocorre conforme as crenças, a mentalidade, a cultura e as preferências do povo.

O país, as empresas e as pessoas terão de fazer escolhas em 2016, tendo como pano de fundo o cenário de grave crise política e econômica. Ineficiência, desperdício, corrupção e impostos pesados são alguns dos ingredientes de um sistema político deteriorado e esgotado. Os políticos venderam a ideia de que basta tomar dinheiro de uma parte da população e dar à outra parte para que os problemas sociais estejam resolvidos. É um equívoco. A crença mais importante é que o indivíduo deve ser o maior responsável por si mesmo e tem a obrigação de se dedicar e trabalhar para cuidar de si e de sua família.

Ao governo cabe implantar leis e políticas para criar o ambiente propício ao trabalho, ao empreendedorismo e aos negócios. Programas sociais para reduzir as desigualdades são bem-vindos, claro, porém, no limite do dinheiro que a população entrega ao governo em tributos, que no Brasil anda em torno de 36% do PIB pela conta mais simples. O governo não cria riqueza. A riqueza é criada pelas pessoas e pelas empresas. O governo é um síndico, que cobra impostos e presta serviços públicos.

A pobreza se agrava quando o governo cumpre mal seu papel. Ludwig von Mises disse que “a capacidade do governo em fazer o bem é limitada; a capacidade de fazer o mal é infinita”. No Brasil, o governo tem deixado a desejar. Entre as escolhas necessárias de 2016, duas se destacam: o fim da crise política e o abandono das invenções esquerdistas na economia.

José Pio Martins é economista e reitor da Universidade Positivo.
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