As entidades sem fins lucrativos e as ONGs que atuam em hospitais e adotam como modelo de gestão o equilíbrio entre receita e despesa, aliado ao treinamento de funcionários, e o ideal de prestar bom atendimento ao público podem melhorar a assistência médica oferecida aos brasileiros.

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Todos sabem as dificuldades que enfrentam aqueles que buscam os serviços de ambulatório, consultas médicas, exames, internamento e cirurgias no sistema único de saúde. As reclamações são constantes e o sacrifício que se impõem aos segurados, como ir buscar a assistência de madrugada, estão estampadas quase que diariamente no noticiário. Uma solução, coerente, prática e eficiente é o Poder Público entregar os hospitais sob sua administração às organizações não-governamentais ou fundações que, com gestões profissionais podem, em pouco tempo, dar uma guinada nos rumos da saúde pública, com experiência já fundamentada, principalmente em outros estados, como São Paulo.

A Fundação de Estudos das Doenças do Fígado (Funef), entidade sem fins lucrativos, tem um exemplo a mostrar. Há pouco mais de quatro anos, assumiu o Hospital São Vicente, de Curitiba, com mais de 66 anos de história. Em 2002 era um hospital em decadência, com apenas 40 leitos ativos e com fuga de profissionais. Hoje, são mais de 130 leitos, incluindo UTIs, um corpo médico com mais de 300 profissionais, 3,4 mil m· de obras, evolução tecnológica e o resgate para a sociedade de um hospital que estava esquecido e pronto para fechar as portas. Enquanto que em 2001 o São Vicente fazia 14.896 atendimentos SUS, em 2004 foram 51.655 atendimentos, sem contar 143.282 atendimentos feitos com recursos próprios do hospital, ou seja, atendimentos filantrópicos.

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Esta experiência adquirida pela Funef pode ser levada a outros hospitais, com vantagens para o setor público, seguindo a mesma linha do governo de São Paulo, que adotou a parceria público-privada em 20 hospitais e 2 laboratórios de especialidades. O resultado tem sido tão extraordinário que pesquisa da Secretária de Saúde paulista mostrou que 95% dos usuários aprovaram a mudança.

No Paraná pode acontecer o mesmo. Basta vontade política. O estado passa somente a gestão dos hospitais, e as entidades sem fins lucrativos colocam as unidades para funcionar com mais eficiência. Construir um hospital não é difícil, difícil é mantê-lo. Se os nossos políticos querem qualidade devem pensar nisso.

Marcial Carlos Ribeiro é médico e diretor da Fundação de Estudos das Doenças do Fígado (Funef).