| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O Brasil vive seu ápice de democracia como jamais visto antes. Nem mesmo na década de 1983, durante o movimento que ficou conhecido como Diretas Já e que reuniu quase 1 milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, vimos bradar tão imensamente a força da liberdade de expressão vinda de tão distintos e heterodoxos grupos de pessoas, que, apesar de exaltação, culminam em mesmo ímpeto patriótico de tornar o país uma nação melhor.

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Com celular empunhado, este imenso contingente de brasileiros, nestes últimos meses, vêm expressando sua opinião e discutindo suas ideias pelas redes sociais num exuberante exercício de cidadania que somente um pátria amada poderia incitar.

Vivemos um momento de engajamento coletivo, em que o sentimento é de romper os paradigmas da Síndrome de Estocolmo coletiva que nos acometeu, e que nos fez reféns por tantos anos de um sistema político nefasto e corrupto e que dele nos fez alimentar.

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Mas há de se chamar atenção para esta onda de expressão que se propagou pelas mídias sociais há aproximados dois anos, e para quem a preconizou. Para quem tão habilmente iniciou este novo modus operandi de fazer campanha política, andando pelas ruas, postando multidões de pessoas fazendo flexões em aeroportos, enviando mensagens de ordem política em grupos de WhatsApp.

Vivemos um momento de engajamento coletivo, em que o sentimento é de romper os paradigmas

Com um discurso feroz e muitas vezes irreverente, conspícuo, rústico, mas corajoso, há de se reconhecer Jair Bolsonaro. Um político controverso, mas que fez sua campanha sem dinheiro, sem conspurcar com as velhas alianças políticas, usufruir de Fundo Partidário ou utilizar-se da máquina estatal para alcançar seus objetivos.

Bolsonaro sempre projetou suas ideias polêmicas sem qualquer parcimônia, ao mesmo tempo em que não flertou com ideias populistas que garantem votos, nem mesmo quando se encontrava em posição de desvantagem, por exemplo com os meros 7% em pesquisas feitas no hoje longínquo abril de 2017.

Apenas como exemplo das ideias que defende, e do estigma causado por seu enfrentamento, não teve a menor preocupação em promover a polêmica da castração química como forma de combate à pedofilia e ao estupro – afinal, o predador sexual é, por fisiologia, um agressor contumaz, e ao ser apenas encarcerado e liberado, normalmente mais cedo por bom comportamento em progressão de pena, tende a ser reincidente; dessa maneira, será injusto para com a sociedade e até para o próprio criminoso estar em liberdade sem a castração. Por defender essa tese, Bolsonaro ganhou a alcunha de desumano e extremista.

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Também por outras razões, outros adjetivos lhe foram atribuídos, como o de “nazista”, ainda que Bolsonaro defenda ferrenhamente o Estado de Israel e a transferência de sua capital para Jerusalém. Também ganhou a condição de racista e misógino, mesmo que sua mulher seja afrodescendente e que o candidato tenha praticamente eleito o negro Hélio Fernando Barbosa Lopes, o “Hélio Negão”, deputado mais votado do Rio de Janeiro, e feito de Janaina Paschoal a deputada mais votada da história do país.

Rodrigo Constantino: Bolsonaro, um estadista? (publicado em 23 de outubro de 2018)

Leia também: Um Congresso mais afinado com os valores do brasileiro (editorial de 9 de outubro de 2018)

Para sempre, e para que no futuro a história não seja contada apenas pelos vencedores, como diz a tão famosa frase atribuída a George Orwell, caso Bolsonaro seja eleito presidente neste segundo turno, que não ignoremos que este polêmico deputado federal vindo do chamado “baixo clero” disputou esta contenda com um partido nanico em comparação com o gigantismo do PT; um regime de forças historicamente comparável ao confronto bíblico entre Davi e Golias, ocorrido no território de Efes-Damim, em Israel, e no qual Davi, ao vencer o gigante Golias, evitou que o povo hebreu fosse escravizado pelos filisteus.

Não sabemos ao certo que tipo de governo o candidato fará, nem se honrará seu mote de campanha, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Mas terá dado a todos e a cada um de nós um belíssimo exemplo de humildade e coragem, e, à nação, a esperança de um país melhor. Se Jair Bolsonaro vencer as eleições para a Presidência, terá entrado para história como o brasileiro que foi à batalha com um exército de um homem só; que, apenas com suas ideias e a força da democracia como suas armas, arregimentou um batalhão de milhões de brasileiros que clamam pela democracia, pela justiça, pela ética e por um presidente que cuide de nós, brasileiros; desta vez, verdadeiramente como nunca antes na história deste pais.

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Alexandre Nigri é CEO do Grupo Maxinvest.