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Neste momento crucial em que toda a humanidade anseia por mudanças, por novas diretrizes, Nelson Mandela prova, através da sua vida, que é possível lutar e vencer por um ideal, tentando sempre o uso da não violência, apesar de todas as circunstâncias contrárias.

É quase impossível acrescentar algo à biografia deste extraordinário homem: tudo já foi dito. Porém, ainda sob o impacto de seu sepultamento, ousei sintetizar em poucas palavras o que mais me chamou a atenção em sua trajetória.

Negro, oriundo de um pequeno vilarejo na África, nascido em uma grande família, foi alfabetizado e começou a mostrar desde então por que veio. Pelo brilhantismo e clareza de suas ideias, tornou-se uma voz conhecida e que não bradou em vão. É, desde então, evidente a sua liderança.

Com 25 anos, em Johannesburgo, assistiu a uma cena deprimente de segregação racial, em que restos de carne eram atirados na calçada pelos brancos aos negros. Chocado pelo fato presenciado, traçou a partir daquele momento a sua trajetória: a luta sem trégua contra o Apartheid.

Homem de decisões fortes e inabaláveis, dedicou-se à conquista de um mundo melhor com igualdade de direitos para brancos e negros. Jamais aceitou o horror da segregação racial. Jamais concordou com a condição deprimente de cidadão de segunda classe, devido à cor de sua pele.

Com a astúcia e a inteligência que lhe eram peculiares, percebeu desde sempre que necessitava do apoio dos brancos para atingir seu ideal, e pautou toda a sua vida pela busca constante por um mundo mais justo para os seus irmãos de sangue.

Jogado numa prisão, na flor da idade, ali permaneceu por 27 anos. Qual foi o seu único crime? O de ter sonhado em dar à sua nação o direito de igualdade. Na solidão do cárcere, na angústia pela falta de tudo que lhe era caro, através da paciência e da disciplina aprendeu a administrar o seu calvário.

Sublime quando libertado, saiu da prisão sem qualquer desejo de vingança, sem ressentimentos, cheio de novas ideias de reconciliação e de luta contra tudo que é passado. "Não é hora de guerra, é chegado o momento da paz."

A lição incrível que deixa a todos os que lhe roubaram os melhores anos, a sua juventude, é a do perdão. Enxergou na paz e no respeito mútuo entre cidadãos brancos e negros o futuro de seu país.

Poderia ter sido libertado antes, com a condição de deixar a África do Sul para sempre, traindo, assim, seu povo. Traição, porém, era uma palavra inexistente em seu vocabulário.

O que o diferencia de todos os outros líderes? Ele deixou sua obra acabada. Tornou-se o primeiro presidente negro de seu país. Prêmio Nobel da Paz, conseguiu cumprir o que prometeu e planejou: sepultar para sempre a segregação e consolidar a democracia.

Homem vindo do povo, adulado e respeitado por todas as personalidades mundiais, ofuscou a todos que tiveram a sorte de conhecê-lo, pela postura moral, e por um caráter jamais corrompido.

Morreu como viveu, aclamado, reverenciado e adorado por um povo por quem tanto lutou. Insubstituível, herói máximo, pioneiro em vários momentos de sua vida, declarava nos seus últimos dias não ter medo da morte e ter a consciência do dever cumprido.

Dorme agora, grande guerreiro, sereno e tranquilo, o teu sono eterno tão merecido! Que o teu legado de lutas e glórias sirva de modelo a todos aqueles que aspiram, como tu, a paz.

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