Talvez seja ousado afirmar que a infraestrutura de transportes pode contribuir para salvar o país de um vexame e resguardar a dignidade da economia brasileira em 2015, visto que neste ano não há mais o que fazer. A afirmação é consenso no setor. Estamos falando do segmento que aposta no Brasil e resiste bravamente à gangorra dos índices econômicos, a despeito da queda de investimentos nos últimos quatro anos.

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Nesse contexto, fatores econômicos associados aos imprevisíveis resultados das urnas voltam a desenhar o cenário de crise para 2015, também com perspectivas pífias para a economia, e tensas para empresas que já trabalham no vermelho. Não existe um manual para a transição de governo, ou day after, mas é certo que a acomodação da "casa nova" trará ônus para todos os que investem no Brasil.

Na transição passada, foi o segmento da construção pesada que fez uma grande mobilização para que o governo lançasse o PAC 2 e assumisse o compromisso de manter uma programação de investimentos elevada em 2011, para que o país não tivesse uma parada brusca. O setor entendia que não era justo deixar dezenas de empresas quebrarem, perdendo milhares de empregos e aumentando a crise social, porque haveria mudanças no Planalto. Essas paradas abruptas da economia não são compatíveis com a democracia.

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De novo, o dia seguinte às urnas volta a preocupar o setor e o país. Pior que em anos anteriores, o patamar de crescimento econômico hoje está mais baixo, sinalizando a necessidade de se pensar em mudanças de curtíssimo prazo, para então concentrarmos as atenções em iniciativas para os próximos anos. A despeito das perspectivas mais pessimistas, como de especialistas que apostam em uma fatura cara e dolorosa para o futuro presidente colocar o país nos eixos, não podemos assistir a esse processo de camarote.

Quem vencer as eleições precisa estar convencido de que não é o governo que gera riqueza, mas ele pode transmitir confiança e trazer a esperança em um novo tempo, que renove os planos e os projetos das empresas e dos brasileiros. É compreensível que só em 2016 o Brasil consiga reverter esse quadro nefasto, com medidas mais profundas. No entanto, não podemos aceitar que a economia brasileira agonize em 2015, levando o país à depressão.

Estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que, para alavancar o desenvolvimento do país, reduzir os custos logísticos e aumentar a competitividade dos setores produtivos, será necessário priorizar pelo menos 2 mil projetos de infraestrutura, que envolveriam R$ 987 bilhões em investimentos. Outra vez o segmento surge no fim do túnel para acenar que é possível dar um passo adiante nessa longa caminhada para retomar o crescimento em cenário inóspito, de quase recessão. O quadro é desalentador, mas exige precisão cirúrgica e velocidade nas ações de curtíssimo prazo.

Em 2011 soubemos atravessar a transição sem paralisar o país, detentor de uma economia de US$ 2,5 trilhões. Agora, às portas de novo desfecho eleitoral, e com um quadro de quase recessão econômica, não podemos nos permitir dar um passo em falso, com o argumento de termos de arrumar a casa primeiro para depois começar a trabalhar.

José Alberto Pereira Ribeiro, engenheiro civil, é presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor).

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