Quando refletimos sobre o que é "educação de qualidade", prontamente nos vem à mente a imagem do professor. A questão é complexa porque os padrões de educação estão se tornando cada vez mais complexos na medida em que surgem novos e sofisticados recursos técnicos, e diminuem os recursos humanos: os professores.
Quem quer ser professor? Eu não! É a resposta mais freqüente e instintiva entre os jovens estudantes. Uma situação nova: os jovens não querem ser professores! Ou não tão nova, porque a defasagem já é grande. A falta de professores chega aos milhares nas escolas em todo o Brasil.
E o que se faz para solucionar tal problema? Nada? Ficamos assistindo estáticos diante da televisão às noticias: (1) de agressões aos professores em plena sala de aula ou nas proximidades das escolas; (2) da falta de professores nas escolas, inclusive onde nossos filhos estão matriculados...
Diariamente lemos notícias sobre as novas demandas por uma educação mais aprimorada, o que nos faz pensar também no passado, quando existiam poucos recursos técnicos e um bom número de pessoas "bem educadas": honestas, cordiais e trabalhadoras, dentre as quais se destacavam os bons professores, pessoas de confiança, que gozavam do respeito e estima da comunidade, não só devido ao seu conhecimento, mas também pela sua conduta ética e pelo desempenho exemplar em todas as áreas de convivência.
Ainda sentimos saudades do nosso "bom professor", cuja atuação competente marcou a nossa infância e/ou adolescência. Uma imagem inesquecível, que merece ser apreciada e repensada. Por que ele ou ela foi um(a) professor(a) marcante? O que essa pessoa fez para nos cativar? Quais os ensinamentos que nos foram transmitidos, que permanecem em nossa memória e ainda são úteis em nosso dia-a-dia? Qual o bom exemplo que ele ou ela nos deu?
A demanda mundial por uma "educação de qualidade" aponta para o futuro, mostrando as vantagens que haveremos de ter se tal ferramenta ficar mais afiada para produzir desenvolvimento e inovação, com salários mais elevados em troca da mão-de-obra qualificada.
Mencionamos salários mais elevados. Para quem? Para os bons alunos, que perseverarem nos estudos e se tornarem cidadãos íntegros e integrais pessoas de bem, competentes, produtivas e honestas.
E os bons professores? Eles também merecem salários mais elevados. Ou não são dignos de uma remuneração justa pelo seu trabalho competente? Será que seu trabalho não é competente e, por isso, ele deve ser mal pago? É hora de uma pausa: quem não tem competência não pode ser um educador, e não merece salário algum.
Estamos falando de um bom salário para um bom professor, aquele que é de fato responsável pela educação dos nossos filhos, aquele ser especial que transmite conhecimentos técnico-científicos, além de orientar o desenvolvimento da cidadania, da ética, da moral e dos bons costumes. Aquele ser inteligente e íntegro, que está sempre se atualizando e que mostra o caminho da honestidade, da solidariedade, da espiritualidade e da sustentabilidade. Ele pode citar os autores clássicos e modernos como bons exemplos, e também pode premiar o bom comportamento, incentivar a pesquisa e a criatividade, motivar o desenvolvimento do seu potencial positivo e preparar o jovem para uma vida útil e participativa.
Ele também precisa ser incentivado, com bom salário, com premiações pela produtividade e pelo bom relacionamento com seus alunos, além de ser tratado com todo o respeito e a consideração da comunidade. Parabéns aos bons professores por sua data especial, recém-celebrada, e por todos os dias de suas vidas valiosas.
Zióle Zanotto Malhadas, doutora em Semiótica, é consultora da Unitwin-Unesco, professora sênior da UFPR e coordenadora do Centro Regional de Integração de Expertise (Crie).