Ainda é cedo para responder “sim” ou “não” à pergunta do título. As perspectivas são boas, principalmente quando se leva em conta que muitos temas que deveriam ter ocupado papel central na agenda do governo e das casas parlamentares durante este ano foram postergados para 2020. Nós nos referimos, por exemplo, à realização das privatizações necessárias para reabastecer os cofres públicos e suspender a sangria de dinheiro que sustenta estatais mal geridas; à realização de uma reforma administrativa que efetivamente reduza o tamanho do Estado, tornando-o mais eficiente; e à retomada da pauta da desburocratização.
Se as medidas saneadoras forem bem implementadas, poderão assegurar pelo menos uma parte das condições necessárias para a retomada do crescimento
Quando 2019 começou, o mercado estava otimista com as perspectivas de uma reforma previdenciária e do desempenho de uma equipe econômica de orientação nitidamente liberal. No entanto, fatores externos, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e uma série de circunstâncias internas, majoritariamente de natureza política, atrapalharam essa caminhada. Adentramos o último trimestre do ano com inflação negativa e outros sintomas de estagnação econômica.
Hoje, o governo não tem capacidade de investimento. Ao mesmo tempo, o país tem déficit de infraestrutura e demanda reprimida. Se as medidas saneadoras forem bem implementadas, poderão assegurar pelo menos uma parte das condições necessárias para a retomada do crescimento.
É fundamental que o Brasil se torne novamente atrativo para os investidores internacionais, mostrando solidez institucional, seriedade na condução da macroeconomia e empenho na adoção de boas práticas (inclusive no aspecto socioambiental). Feita essa lição de casa, poderemos reaver a nossa posição de destino seguro para os investidores que desejam realmente empreender, não especular.
Devemos ponderar que, infelizmente, a recuperação não ocorrerá de modo uniforme em todos os segmentos. O agronegócio e a construção civil, por exemplo, têm um dinamismo próprio que favorece sua rápida ascensão, enquanto outros segmentos tendem a demorar mais. De qualquer forma, o aquecimento da economia e a volta do emprego favoreceriam o país como um todo.
- O esforço coletivo para a recuperação econômica e dos negócios no Brasil (artigo de Jorge Sukarie, publicado em 20 de junho de 2019)
- A economia brasileira pode estar melhor do que aparenta (artigo de Pedro Jobim, publicado em 1.º de outubro de 2019)
- O fim das coligações proporcionais e os desafios dos partidos em 2020 (artigo de Waldir Franco Félix Júnior e Emma Roberta Palú Bueno, publicado em 30 de maio de 2019)
Paralelamente, o Brasil precisa voltar a investir na educação e na formação profissional dos cidadãos. Somos pouco competitivos e, conforme já foi demonstrado em rankings globais, menos produtivos do que a média dos trabalhadores de outros países. Já passamos da hora de corrigir essas distorções e de aprimorar o nosso capital humano.
Em resumo, 2020 poderá ser um bom ano para o Brasil. Mas isso vai depender principalmente do nosso próprio empenho.
André Kamkhaji e Maurice Kattan são sócios-diretores da Union National.
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