Jerome Powell, em seu último discurso em Jackson Hole, no dia 27 de agosto, deixou bem claro que a economia dos Estados Unidos está retomando sua prosperidade e aumentando a empregabilidade. Até mesmo a inflação, que ainda se mantém alta, tende a ser passageira. Esses bons ventos são fruto do avanço da vacinação e controle da pandemia. Porém, as incertezas em relação à variante delta continuam e, por isso, o Federal Reserve (Fed) vai se manter vigilante, dando continuidade à política estimulativa que estava sendo criada para a economia.
O Brasil pode surfar nessa onda de prosperidade econômica (ainda é tímida, mas que tende a crescer) pela qual o mundo vem passando, já que, além dos Estados Unidos, com o Fed, Japão, China e Europa também estão com programas de estímulos econômicos. Mas, para isso, são necessários alguns requisitos. O primeiro e mais fundamental deles é deixar essa conflituosidade gigantesca de lado. Ninguém vai investir recursos – tão necessários para atender as carências e as demandas brasileiras – num cenário de insegurança, instabilidade e de incerteza.
Se controlar a ebulição interna e assumir o protagonismo na área ambiental, o Brasil pode surfar na onda de prosperidade econômica mundial pós-pandemia
Outro critério que precisa ser levado em consideração, com urgência, para o incentivo aos investimentos é que o Brasil assuma sua vocação natural para exercer a liderança ambiental. E aqui ressaltamos a Amazônia, mas, além dela, também a Mata Atlântica.
É imprescindível assumirmos uma postura sustentável perante o mundo e respeitarmos nossas riquezas naturais. Estamos sentindo na pele as crises hídrica e, consequentemente, energética, oriundas de mudanças climáticas, porque os chamados “rios voadores” que saem da Amazônia e desovavam as chuvas pelo Brasil eram represados pela Mata Atlântica. Mas nós destruímos a Mata Atlântica, não temos uma planejamento de reconstrução, e esses “rios voadores” perdem muito da sua capacidade. São esses mesmos “rios voadores”, aliás, que deram origem ao Pantanal e ao Aquífero Guarani ao longo dos séculos.
- A água e o futuro do Brasil: os impactos ambientais e econômicos da crise hídrica (artigo de Rodolfo Coelho Prates, publicado em 2 de setembro de 2021)
- Água: a grande aposta (artigo de Diego Baptista de Souza, publicado em 26 de agosto de 2021)
- A Amazônia pode virar uma floresta seca (artigo de Priscila Caneparo, publicado em 15 de agosto de 2021)
Essas regiões brasileiras, além de todo o território nacional, guardam uma biodiversidade enorme na fauna e flora, com plantas que possuem os ativos necessários para remédios, vacinas, cosméticos e toda matéria-prima necessária para produção industrial. Por toda essa riqueza natural, o Brasil também pode exercer essa liderança ambiental investindo em inovações tecnológicas sustentáveis, como o biogás, produzido a partir da cana de açúcar, a energia eólica e a energia solar.
Todo esse sistema chamado de bioeconomia pode ser feito em conjunto com o agronegócio, colocando o Brasil em uma posição de potência agroecológica mundial. Mas para isso é preciso resolver os conflitos internos. É preciso que cada um de nós assuma suas responsabilidades individuais na construção de instituições normativas de política econômica democráticas, para assim surfar na onda de recursos que estão cada vez mais abundantes no cenário externo.
André Naves, mestre e doutor em Direito Internacional pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica), mestre e doutor em Economia pela Universidade de Princeton e pós-graduado em Ciências Políticas pela HillsDale College, é defensor público federal e ex-chefe da Defensoria Pública da União em São Paulo.
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