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No dia 25 de março, o engenheiro agrônomo americano Norman Borlaug completaria 100 anos. Um dos mais importantes personagens na luta contra a fome no mundo, suas pesquisas inovadoras em biotecnologia resultaram no desenvolvimento de diversas cultivares de trigo com alta produtividade e resistência a doenças, o que contribuiu no combate à fome em países da África e Ásia. Com isso, Borlaug é apontado como a pessoa que, possivelmente, mais vidas salvou no planeta. Em reconhecimento a essa sua contribuição mundial por meio do aumento do fornecimento de alimentos, em 1970 o pesquisador foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz.

Dr. Norman Borlaug tornou-se um perseverante defensor da ciência e tecnologia aplicadas à produção de alimentos. Seu trabalho para o aumento da produtividade agrícola no mundo inteiro rendeu-lhe, também, o título de "pai da Revolução Verde". Em viagens ao Brasil, impressionou-se com os resultados de produtividade obtidos no Cerrado e previa que o país se tornaria uma potência agrícola em um curto espaço de tempo. Como previsto, o Brasil passou de importador para grande exportador global de alimentos em apenas quatro décadas.

O agrônomo faleceu no dia 12 de setembro de 2009, mas seu legado está presente na agricultura até hoje e servirá de base para que o Brasil lidere a chamada "segunda Revolução Verde". Segundo estimativas da FAO-ONU, caberá ao país o desafio de alimentar uma população que chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050.

Além do crescimento populacional, é preciso levar em consideração o aumento de renda das pessoas, que passarão a consumir mais alimentos, e o enorme desafio de retirar da situação de subnutrição cerca de 840 milhões de famintos -- um em cada oito habitantes do planeta. Para isso, é preciso continuar os ganhos de produtividade no campo, mas, ao mesmo tempo, reduzir o desperdício. Estudo recente da FAO aponta que 40% das perdas de alimentos na lavoura são causadas pelo ataque de insetos, por doenças e plantas daninhas. A redução dessas perdas só é possível com a utilização de modernas ferramentas de defesa vegetal na proteção de cultivos, aliada ao manejo integrado de produção.

O Brasil, como celeiro agropecuário e um gigante do agronegócio hoje, terá no futuro o papel de ser o grande protagonista no fornecimento de alimentos. Para atender a demanda global em 2050, o país precisará aumentar sua produção em 40%, sendo que 90% deste crescimento virá do uso de novas tecnologias e não mais da abertura de novas áreas de plantio. Com uma colheita de grãos de cerca de 200 milhões de toneladas em 2013, o Brasil terá a tarefa de ajudar a aumentar a atual produção mundial de grãos dos atuais 2,1 bilhões de toneladas para 3 bilhões de toneladas.

O agronegócio brasileiro tem feito sua lição de casa, apesar dos conhecidos gargalos e dificuldades históricas, como a falta de infraestrutura e do seguro de safra. Com recorde de produção nos últimos 20 anos, o Brasil reduziu a miséria em 40% e tirou da fome quase 10 milhões de pessoas, já atingindo a Meta do Milênio estabelecida pela ONU para 2015.

Esse resultado é fruto de políticas sociais e do esforço de agricultores. Mas ressalte-se também o papel de instituições e empresas públicas e privadas na geração de conhecimento e de pesquisas em novas tecnologias. Eis a segunda Revolução Verde. Com ela, o agronegócio brasileiro assume o compromisso de manter vivo o legado de Norman Borlaug no combate à fome no mundo.

Eduardo Daher, economista pela Faculdade de Economia e Administração da USP e pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP, é diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

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