O início do ano foi marcado por discussões sobre o aquecimento global e o estabelecimento de metas para busca de fontes energéticas alternativas. Após o discurso da União do presidente dos EUA, George W. Bush, que posicionou como estratégica a redução do consumo de gasolina, principalmente com um aumento substancial do uso do etanol e de outros combustíveis alternativos, o governo americano está agindo. A presença do subsecretário de Estado americano, Nicholas Burns, no Brasil para iniciar negociações para redução das barreiras comerciais ao etanol é evidência da preocupação em atender a meta de expansão significativa dos combustíveis alternativos.
Alguns estudos apontam para o esgotamento das reservas petrolíferas em 2046. Aliado a isso, o uso da gasolina e a emissão de CO2 tornam-se cada vez mais polêmicos ao se constatar seus efeitos ambientais, como o aquecimento global. O uso de fontes alternativas de combustíveis é uma necessidade em razão da tendência de esgotamento do petróleo, além de ser ecologicamente correto; ou seja, um recurso vitorioso mesmo na ótica capitalista. Isso coloca as biomassas como alternativa relevante para uma nova matriz energética, dentre as quais se destacam os combustíveis obtidos da agricultura, como etanol e biodiesel.
Esse cenário coloca o Brasil em posição privilegiada no comércio mundial. Estados como o Paraná, tidos como essencialmente agrícolas, entram em um novo mercado: o energético. Este mercado promissor, mais estável e em franca expansão, exige uma ação pró-ativa nas negociações. O Plano Nacional de Agroenergia para 2006 a 2011 prevê o fortalecimento tecnológico e a disseminação das experiências diversas existentes no país. Há uma variedade de experiências de produtos utilizados no processo de produção, com produtividades díspares, merecendo avaliação e certificação dos agentes reguladores nacionais. Atualmente existe o Selo de Combustível Social, que envolve a agricultura familiar, mas há que se avançar na regulamentação tecnológica das variáveis energéticas.
O uso do biodiesel, por exemplo, permite reduzir os variados custos da poluição, principalmente os relacionados à saúde. Um estudo realizado pelos ministérios do Meio Ambiente e das Cidades mostra que uma composição de 95% do diesel de origem fóssil e 5% de biodiesel puro, meta estabelecida para 2013, já proporcionaria a redução desses custos de poluição na ordem de R$ 16,2 milhões anuais nas dez principais cidades brasileiras e em aproximadamente R$ 75,6 milhões na esfera nacional.
A existência abundante de matéria-prima para a produção de fontes energéticas alternativas e a demanda pelo crescimento sustentável são duas referências mercadológicas que mostram a importância de o Brasil avançar tecnologicamente, registrar continuamente patentes nesta área, e tornar o produto comercial. Essa política industrial, tecnológica e comercial é necessária para consolidar a posição favorita do Brasil nesse mercado. Esforços já foram iniciados com o Plano Nacional de Agroenergia e o Programa Nacional da Produção e Uso de Biodiesel, mas eles devem ser vistos como importantes oportunidades de negócio pelos empresários brasileiros e facilitado pelos governos em todas esferas.
A Brasil deve se consolidar como produtor de combustíveis alternativos e não se contentar em produzir e vender apenas a matéria-prima. Se avançar na produção de combustíveis, essa mudança coloca o governo brasileiro em posição privilegiada para rediscutir os acordos internacionais, tendo em vista a importância do produto. Assim como empresários e governantes de vários países já descobriram o potencial energético do Brasil, os próprios brasileiros devem ter isso muito claro e executar o proposto pelos planos e programas nacionais desenvolvidos, bem como ficar atentos para agir rapidamente de modo a minimizar os gargalos existentes. A ação pró-ativa do Brasil nessa área poderá garantir um novo ciclo de riqueza nacional.
Christian Luiz da Silva é economista, pós-doutor em Agronegócios pela USP e professor do mestrado em Organizações e Desenvolvimento da UniFAE Centro Universitário.
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