Câmara dos Deputados, em Brasília.| Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil
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Temos um ano! É pouquíssimo tempo, mas temos a nosso favor as condições mais favoráveis dos últimos tempos para avançar com os projetos de que o Brasil tanto precisa. Ano que vem já teremos eleições presidenciais novamente, e, como todos sabem, dificilmente alguma reforma substancial será aprovada no Congresso. Portanto, temos de correr em 2021.

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Neste início de ano há também um novo fator que poderá ser decisivo para dar celeridade às reformas estruturais: a troca dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Temos agora presidentes das casas legislativas que propõem a construção de um trabalho harmonioso com o governo federal, muito diferente do que vimos nos últimos dois anos. A verdade é que, após a aprovação da reforma da Previdência, o então presidente da Câmara Rodrigo Maia entrou num embate pessoal com o presidente Bolsonaro e travou pautas importantes com o objetivo de prejudicar o governo. Isso ficou ainda mais cristalino após sua saída. Maia afirmou em entrevista recente: “Hoje posso dizer que sou oposição ao presidente Bolsonaro. Quando era presidente da Câmara, não podia”. Ou seja, não podia dizer que era oposição, embora já agisse desta forma. O maior prejudicado por essa disputa, como sempre, foi o Brasil.

Arthur Lira começou causando uma boa impressão. Em sua segunda semana, pautou o PL 19/2019, que trata da autonomia do Banco Central, um projeto importantíssimo para a economia e tido como prioritário pelo governo. Outras três pautas também constam na lista de prioridades do governo e é fundamental que avancem ainda em 2021: reforma administrativa, privatizações e reforma tributária.

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As duas primeiras tratam do tamanho do Estado brasileiro, que precisa ser enxugado urgentemente. A máquina púbica brasileira cresceu exponencialmente ao longo das últimas décadas. Gastamos mais de R$ 100 bilhões por ano apenas com o Poder Judiciário, o equivalente a 1,5% do PIB, número dez vezes maior que Estados Unidos e Inglaterra. O contribuinte brasileiro não suporta mais arcar com uma carga tributária de praticamente 35% do PIB para financiar um Estado inchado e ineficiente.

As privatizações são outro caminho importante para diminuir a presença do governo em diversas frentes desnecessárias. Quando Salim Mattar virou secretário de Desestatização, descobriu que o governo tinha participação em 698 empresas. Em comparação, os Estados Unidos têm 16 estatais. É absolutamente irracional. Apesar de as privatizações serem impopulares, pois mexem em muitos cabides de emprego, ao menos a privatização da Eletrobrás foi incluída na lista de prioridades que o governo entregou ao novos presidentes do Congresso. Que avancemos com a privatização de tudo que for possível.

A terceira pauta, que é a reforma tributária, diz respeito a como iremos financiar o Estado, o que acaba impactando diretamente a vida dos trabalhadores e dos empresários. Todos concordam que temos um dos piores sistemas tributários do mundo, o que prejudica nossa competitividade, reduz nossa produtividade e causa todo tipo de litígio tributário. No entanto, infelizmente os projetos que hoje tramitam na Câmara e no Senado – as PECs 45 e 110, respectivamente – nos direcionam para um caminho tributário equivocado, que trará ainda mais complexidade ao nosso sistema atual com a promessa de uma simplificação daqui a dez anos, além de aumentar drasticamente a carga tributária de alguns setores essenciais como saúde e educação. Portanto, é fundamental que diversos setores da sociedade participem deste debate, para que possamos, num curto espaço de tempo, chegar à melhor reforma tributária possível para todos os brasileiros.

A hora é agora. Temos como ministro da Economia um “liberal raiz” da Universidade de Chicago, algo que parecia um sonho distante há pouquíssimo tempo atrás. Temos uma Câmara dos Deputados e um Senado que parecem dispostos a avançar com as pautas fundamentais citadas acima. Temos a maior parte do povo brasileiro apoiando maciçamente estas reformas, que foram prometidas na campanha eleitoral de 2018. As condições estão postas. Se em um ano nada for feito, o governo será cobrado duramente por isso. Mas no momento precisamos dar todo o apoio ao ministro Paulo Guedes e trabalhar arduamente para o Brasil destravar décadas de atraso durante esta curta janela que se abriu. Avancemos!

Gabriel Kanner é empresário, ativista social e presidente do Instituto Brasil 200.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]