Para além da polaridade política que precede as eleições no Brasil, diversas questões econômicas mundiais se desenham como importantes desafios para o próximo chefe do Executivo que assumirá o comando do país em 2023. O Brasil tem uma importante chance de ocupar protagonismo no contexto internacional e não pode deixar escapar essa lógica econômica que confere ao país uma relevância sem precedentes.
Enquanto os Estados Unidos vão decrescer 2% e Europa mais de 3% no próximo ano, o Brasil vai crescer 2% e deverá ser responsável pelo abastecimento de 20% dos grãos no mundo. O país bateu recorde de corrente, superávit e exportações em 2021. Com US$ 280,4 bilhões em exportações e US$ 219,4 bilhões em importações, o Brasil chegou a US$ 499,8 bilhões de corrente de comércio e US$ 61 bilhões de saldo comercial no ano.
O Brasil terá uma responsabilidade gigante na reestruturação política e econômica do que considero uma nova realidade econômica e relações entre os países.
Os números do comércio exterior brasileiro fecharam o ano de 2021 apontando uma corrente de comércio (soma de exportações e importações) recorde de US$ 499,8 bilhões e saldo com superávit – também recorde – de US$ 61 bilhões. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, divulgados recentemente, houve recorde nas exportações, com US$ 280,4 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 219,4 bilhões, no quinto melhor resultado da série histórica, iniciada em 1989.
A corrente de comércio brasileiro cresceu 35,8% em relação ao ano anterior e superou o recorde de US$ 481,6 bilhões de 2011. O saldo comercial subiu 21,1% em relação ao de 2020 e ficou acima do recorde de US$ 56 bilhões de 2017. Nas exportações, o aumento foi de 34% em relação ao ano anterior, deixando para trás o recorde de US$ 253,7 bilhões de 2011. Já as importações subiram 38,2% em relação a 2020 e tiveram o maior resultado desde 2014, quando ficaram em US$ 230,8 bilhões. O recorde de valor importado foi o de 2013, de US$ 241,5 bilhões.
Nesta perspectiva, o Brasil terá uma responsabilidade gigante na reestruturação política e econômica do que considero uma nova realidade econômica e relações entre os países. O próximo presidente deve ter uma visão internacional e lógica de interesse mais independente possível e que prime pelo do Brasil, mas entendendo a responsabilidade do Brasil nesta situação.
Não pode se perder entre a crise EUA x China ou no conflito entre Rússia e Ucrânia. O Brasil precisa responder com serenidade, atuação e senso de oportunidade. O momento pede inteligência e responsabilidade para que o Brasil alcance de fato esse protagonismo tão necessário.
Carlo Barbieri, analista político, economista e palestrante, é mestre em Direito Internacional, presidente do conselho da Aquila Oxford Group. É autor do livro “A Nova Estrutura do Poder Mundial”, que será lançado em breve.