O brincar é uma das formas mais peculiares de expressão das crianças desde muito pequenas. É por meio do brincar que ela expressa seus desejos, fantasias, saberes e fazeres. Todas as crianças têm o direito ao brincar e ao lazer garantidos em instrumentos legais de âmbito nacional e internacional, tais como a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a Convenção de Direitos da Criança da ONU e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

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Para que o tempo do brincar cotidianamente seja entendido como essencial, é importante considerá-lo enquanto expressão infantil altamente significativa para o desenvolvimento integral das crianças. O brincar não deve ser pretexto para aprender, mas, ao brincar de corpo inteiro, naturalmente, as crianças também se desenvolvem na sua integralidade. Brincando elas mobilizam e ampliam muitas habilidades, como as sociais, afetivas, cognitivas e motoras que, certamente, influenciarão o desenvolvimento do pensamento, da linguagem, da imaginação e criatividade.

Brincar pode ser um momento rico de invenção, exploração e descobertas, de valiosas trocas e de interações entre as crianças, de exercício da convivência e cooperação, assim como, para o aprendizado por meio dos conflitos que possam surgir quando estas brincam coletivamente.

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Ao brincar, as crianças negociam, fazem escolhas, opinam, se encantam, se alegram e aprendem a conviver com as diferenças. Logo, elas vivenciam a solidariedade, a alegria, a justiça, a frustração, a construção de regras, responsabilidades e a participação infantil que serão fundamentais para o seu desenvolvimento afetivo, ético, político e moral.

Mesmo sendo um direito de todas as crianças, o brincar muitas vezes tem sido reduzido a um tempo curto da rotina da criança, por vezes entendido como premiação para determinados comportamentos e relacionado a brinquedos, facilmente induzidos ao consumo pela publicidade direcionada ao público infantil. Assim, ao organizar os espaços e tempos para o brincar é importante considerar a importância dessa ação na vida delas.

Priorizar o brincar espontâneo e não estruturado, disponibilizando tempo e variedade de materiais para que ela possa exercitar sua imaginação e criatividade, sem ênfase a brinquedos eletrônicos ou altamente elaborados, é permitir que as crianças ampliem as possibilidades de criar e vivenciar experiências ricas e significativas que levarão para toda a vida. Reduzir o tempo para o brincar com jogos eletrônicos e ampliar os tempos para o brincar com outros brinquedos e materiais, assim como com outras pessoas – entre crianças mais novas e maiores, entre crianças e adultos, entre crianças e idosos – também será essencial e poderá fortalecer a valorização do outro.

E, por fim, acreditamos que é importante rever nossas opções de lazer nos momentos em que estamos com as crianças. Isso implicará considerar também o direito ao brincar, em diferentes espaços e momentos, e fazer escolhas coletivas para que as crianças também possam se sentir ouvidas e respeitadas nos seus desejos e direitos. Logo, substituir o passeio aos shoppings aos fins de semana pelas brincadeiras nos parques das cidades poderá ser um programa mais que interessante e que poderá deixar marcas bastante significativas para toda a vida.

Soeli Terezinha Pereira é assessora educacional da Rede Marista de Solidariedade, do Grupo Marista.

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