O cenário econômico interno e internacional está dando sinais contraditórios. Particularmente, o panorama interno brasileiro está em contradição entre as exigências do Governo de baixar a taxa de juros e as exigências de cautela do Banco Central em manter e, futuramente, elevar a taxa.
A provável extrapolação das metas fiscais de equilíbrio - declaradas - deixa os investidores inseguros sobre o risco-país do Brasil e, portanto, leva à saída de investimentos e ao aumento da procura por dólar.
As indicações talvez apressadas de recessão nos EUA provocam a saída de investimentos nas bolsas mundiais e a consequente procura pelo dólar como moeda refúgio
Esses dois elementos seriam suficientes para provocar a alta consistente do dólar que assistimos nesses dias, gerando um possível círculo vicioso de alta da inflação, que o COPOM entende equalizar através do controle dos juros, admitindo um possível futuro aumento. A incerteza sobre as eleições políticas americanas e os riscos de um alargamento expressivo do conflito na Palestina certamente acendem ainda mais a procura por moeda refúgio.
Um fator de turbulência que passa despercebido para muitos é a forte dependência das bolsas de valores mundiais nas sete irmãs big tech. Apple, Meta, Nvidia e outras capitalizam o impressionante valor de um terço do PIB americano e somam a mesma capitalização das bolsas europeias combinadas. Uma pequena oscilação pode provocar tremores e gerar desinvestimento, aumentando ainda mais a pressão no dólar.
Por outro lado, o governo brasileiro sente a exigência política de abaixar os juros internos para favorecer o desenvolvimento da economia em uma época de reforma tributária conturbada e muito discutida, onde parece claro que haverá mortos e feridos. Estamos à beira do fim do mandato de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central, cuja substituição possivelmente deverá favorecer as pressões de baixa dos juros pelo governo.
O FED - Federal Reserve - está sinalizando uma possível baixa de juros a vir. Isso abre o caminho para o Brasil seguir na mesma direção. Cenário que exige cautela, informações e ponderação. Para aonde vai a taxa de juros? Bom trabalho ao COPOM.
Fabio Ongaro é economista e empresário há mais de 30 anos. É CEO da Energy Group e vice-presidente de finanças da Câmara de Comércio Italiana de São Paulo.
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