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O ensino confessional e a valorização dos professores no Brasil

Imagem ilustrativa. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Todas as profissões compartilham a mesma fonte: não importa qual seja o seu emprego, todos foram formados por um professor. Ele esteve presente na infância, na adolescência e na universidade. Pode-se dizer que o professor atua diretamente na formação em valores de cidadania, civilidade e nos conhecimentos específicos do caminho profissional escolhido por cada um. O professor é uma das bases da sociedade. No entanto, como essa mesma sociedade valoriza o professor? E o ensino confessional? Será que ele oferece tratamento diferenciado ao professor?

Trago comigo 18 anos de experiência no setor privado. Meu despertar vocacional aconteceu a partir da influência de outro professor de história, Augusto Mattos, ainda no ensino médio. A profissão encanta naturalmente por ser o guia do saber e o convite para o mundo lá fora; ou, muitas vezes, por suprir necessidades que deveriam ser preenchidas pelos responsáveis e familiares (o que não é uma atribuição do professor). Todo esse peso sobrecarrega o docente, tanto pela falta de preparação para esse encargo devido à lacuna curricular entre o chão da fábrica na licenciatura e a realidade do mercado de trabalho, quanto por instituições que não têm como foco o que deveria ser o principal de uma escola: a educação.

Ainda tendo como base a minha trajetória, posso dizer que, no meio privado, o ensino confessional se destaca daquele que segue uma visão mercadológica. Não há divulgação em outdoors, ações em shopping centers e nem a preferência pelo clientelismo. Nessas instituições, em particular, há uma valorização de todo o processo educacional que vai além do professor, perpassando pelos demais funcionários e integrando o aprendizado do aluno. Muitas instituições de ensino confessional acumulam décadas de atuação mesmo que sejam ainda entidades menores. A atenção com o corpo docente é maior.

O mesmo não pode ser dito dos grandes conglomerados empresariais que veem na educação apenas uma extensão empresarial. Os discentes são reduzidos a clientes e o trabalho docente se resume a metas a serem cumpridas que nem sempre levam em consideração o ensino. As jornadas de trabalho são exaustivas e as demandas desumanas. Uma rotina que leva ao cansaço físico e psíquico. A precarização ocasiona um ambiente tóxico em que não há empatia dentro da própria classe. A experiência não é mais a prioridade em um mundo digitalizado que busca novos cérebros habituados aos avanços tecnológicos.

Para mudar o cenário dos educadores é muito simples e fácil: valorizá-los, dar o lugar devido ao docente na formação humana, incentivá-lo e tratá-lo humanamente. Tornado objeto, o professor não somente se vê, sente e é desvalorizado como – pior dos sentimentos – sente-se um inútil, padecendo das patologias que o afastam da sala de aula. Além do mais, se faz necessário a aplicação de alternativas que valorizam a sua docência, não somente financeiramente, mas que o façam sentir-se pertencente àquela escola, como um promotor da cidadania e da formação de um aluno.

Muitas vezes, nos vemos provocados a sermos como o professor Hundert, vivido por Kevin Kline no filme O clube do imperador, ou do professor de literatura vivido por Robin Williams, o sr. John Keating em Sociedade dos poetas mortos, aproximando-se mais da primeira personagem (na realidade da sala de aula) e do idealismo da segunda personagem. No fundo, nos assemelhamos mais ao professor Laerte, vivido por Lázaro Ramos no filme Tudo que aprendemos juntos, numa realidade mais condizente ao que passamos em nosso cotidiano. A realidade social não é utópica, porém, não é estática: o que nos motiva é o desafio que faz vibrar a corda do coração do aluno e promove, de fato, o conhecimento na prática e na formação emancipadora que o cidadão adquire.

Com propriedade, esse trabalho é feito pelas escolas de ensino confessional, aquelas pequenas e com seus religiosos empenhados em educar, em promover um ambiente de diálogo e franca abertura para correção de curso e atendimento dos educandos. Algumas já o fazem há mais de 50 anos e são pouco conhecidas.

Nesse mercado em que mais é melhor e nem sempre reflete uma boa educação, a falácia disfarça os desastres e a catástrofe escolar que vivenciamos. Ainda assim, desejarmos uma escola de verdade, com professores e alunos reais e promotora da cidadania, dos valores éticos e de cidadãos políticos cônscios de seu papel social. Pode ser ainda uma utopia, porém, não sou o único a sonhar; muitos me acompanham.

Isaac Marra é graduado em História, Pedagogia e Sociologia e mestre em História Social.

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