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O envelhecimento no Brasil e a revolução da longevidade

A revolução da longevidade está em pleno movimento no Brasil. O número de idosos brasileiros (com 60 anos ou mais) aumentou de 4,7% em 1960 para 10,8% em 2010. Até 2050, vai triplicar, chegando a 29%. Em meados dos anos 1940, a expectativa de vida ao nascer era de apenas 43 anos, e passou para 72,3 em 2008 – alcançará mais de 81 anos em 2050. A esperança de vida está aumentando não apenas ao nascer; ela é cada vez maior no outro extremo da vida também. Em 2010, uma pessoa de 60 anos esperava viver mais 20 anos – até os 80 anos.

Tanto para as pessoas idosas quanto para a sociedade, o envelhecimento ativo é a chave para decifrar o potencial da revolução da longevidade. O envelhecimento ativo visa à qualidade de vida para as pessoas idosas a partir da otimização de quatro tipos de capitais ao longo do curso de vida: saúde, educação continuada, participação e proteção. Então, como estão os brasileiros em relação a estes quatro capitais?

A saúde é a primeira fonte essencial de recursos. Já são poucos os brasileiros que morrem por doenças cardiovasculares e respiratórias relacionadas ao tabagismo, um resultado de políticas antitabaco e de melhorias nas estratégias de prevenção da atenção primária à saúde . Além disso, mais brasileiros informam estar bem de saúde em relação ao número dos que o faziam no passado. Entretanto, a crescente urbanização levou os brasileiros a adotar estilo sedentário de vida e dieta inapropriada, o que é muito comum nos países desenvolvidos, causando altos índices de diabetes e hipertensão, hábitos que levam às incapacidades na velhice.

As pessoas idosas atribuem muito valor à participação social e ao significado do trabalho. Em 2012, 27% das pessoas idosas trabalhavam, perfazendo um total de 12% da força de trabalho – uma taxa alta em comparação ao padrão internacional. Mais de 70% das pessoas de 60 anos ou mais atuam no mercado de trabalho informal, inclusive muitos que já recebem aposentadoria.

A educação continuada é um capital necessário à manutenção e à renovação de habilidades e da participação na sociedade. Para os idosos brasileiros, o avanço representado pelo Estatuto do Idoso quanto a oportunidades para novas aprendizagens (por exemplo, a Universidade Aberta da Terceira Idade) é ainda insuficiente devido ao seu alcance limitado fora das grandes metrópoles. Ao mesmo tempo, as instituições educacionais rejeitam o ingresso de pessoas idosas.

Para sua proteção, os idosos brasileiros desfrutam de muito boa iniciativa de seguridade social se comparada com outros países latino-americanos, e em relação às taxas de pobreza se comparada a outros grupos etários no próprio país. Para muitos, a segurança financeira se expressa pela contribuição previdenciária, pela aposentadoria relacionada ao emprego (46%) – tanto com base na idade em combinação com os anos de contribuição quanto baseado apenas em tempo de contribuição. Cerca de 35% das pessoas acima de 60 recebem algum benefício não contributivo, como o Benefício de Prestação Continuada ou a aposentadoria rural. Entretanto, seria de 48% a taxa de idosos abaixo da linha de pobreza sem pensão não contributiva.

Em suma, os idosos brasileiros de hoje estão em melhor situação do que seus pais e avós. Esses ganhos devem ser mantidos, assim como devem se tornar realidade as garantias proporcionadas pelo Estatuto do Idoso, de modo que mais brasileiros idosos tenham acesso a oportunidades de viver um envelhecimento ativo.

Louise Plouffe, doutora em Psicologia Social, é coordenadora de pesquisa do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR). Ina Voelcker, mestre em Políticas Públicas, é coordenadora de pesquisa do ILC-BR. Silvia M. M. Costa, especialista em Comunicação e Saúde, é coordenadora de comunicação e informação do ILC-BR. Alexandre Kalache, médico e gerontólogo, é presidente do ILC-BR e ex-diretor do Programa de Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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