O decreto assinado pelo governador Ratinho Junior e pelo prefeito de Curitiba, Rafael Greca, fortalece mais ainda a proposta dos 14 municípios lindeiros ao Parque Nacional do Iguaçu de que a nova concessão, prevista para 30 anos, tem de se voltar à proteção e preservação do maior ativo ambiental e turístico do Paraná, envolvendo todos os moradores do entorno da unidade de conservação.
O governador e o prefeito criaram a Reserva Hídrica do Futuro da Bacia do Alto Iguaçu, entre as cidades de Balsa Nova e Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. A reserva vai interligar antigas cavas nas margens do Rio Iguaçu com potencial para formação de lagos, formando um corredor de biodiversidade e preservação de 150 quilômetros com até 43 bilhões de litros de água, fundamentais em situações de estiagem como a atual, que enfrentamos por quase dois anos.
Como todos sabem, o Rio Iguaçu tem suas nascentes na Curitiba metropolitana, serpenteia 49 cidades das regiões sul, sudoeste e oeste do estado, se precipita nas mundialmente famosas Cataratas, até sua foz no Rio Paraná. A bacia do Rio Iguaçu é formada por cursos d’água (rios, riachos, arroios) de 131 municípios paranaenses.
A preservação e a proteção do maior rio do Paraná precisam da participação e do envolvimento dos moradores dessas 131 cidades que, no sudoeste e oeste, têm um ativo muito importante: uma área de 252 mil hectares encravada entre o Brasil e Argentina, um dos mais significativos remanescentes da Mata Atlântica.
Uma concessão de 30 anos tem de levar em conta, além da crise hídrica que pode afetar o volume de água nas Cataratas do Iguaçu, um inestimável passivo para a fauna e flora do país que a poluição pode provocar se medidas consequentes não forem tomadas de forma urgente como fizeram o governador Ratinho Junior e o prefeito Greca.
Para envolver as três regiões e, principalmente, os moradores das 14 cidades do entorno, o leilão da nova concessão deve fortalecer dois sentimentos: de pertencimento e de empatia com o Parque Nacional do Iguaçu. Isso se faz, por exemplo, com a manutenção das atuais tarifas de acesso ao parque cobradas aos lindeiros, brasileiros e visitantes do Mercosul (argentinos, paraguaios e uruguaios). Um ingresso de R$ 120, como o pretendido, vai contra os dois sentimentos mencionados, além de submeter o acesso ao parque, um patrimônio de todos os brasileiros, somente aos endinheirados. A retomada da atividade turística no país terá sua base, nos próximos dois anos, nas visitas nacionais e de países da região. É claro que um turista estrangeiro pode pagar pelos R$ 120, mas 97% dos atuais visitantes são brasileiros e a maioria não pode pagar esse valor.
A preservação e a proteção do maior rio do Paraná precisam da participação e do envolvimento dos moradores dessas 131 cidades.
Além das tarifas diferenciadas, os municípios do entorno defendem participar de uma pequena parcela, de R$ 40 milhões por ano, da arrecadação da unidade de conservação. A cobrança das tarifas será superior a R$ 1,2 bilhão nos próximos 30 anos. E os R$ 40 milhões que faltaram às cidades, em 21 anos da atual concessão, poderiam ter sido revertidos em melhorias à população lindeira e em benefício do Parque Nacional do Iguaçu, evitando inclusive o êxodo, principalmente de jovens, nas duas regiões.
É por estas razões e alguns exemplos já
citados que a decisão do governador e do prefeito de Curitiba e tão emblemática
para nós, do oeste e sudoeste. Proteger e preservar o parque depende de
investimentos que podem ser previstos na próxima concessão, do envolvimento
dos mais de 500 mil moradores das 14 cidades das duas regiões, e de reforçar os
sentimentos de que todos já cativam pelo Parque Nacional do Iguaçu.
Chico Brasileiro é prefeito de Foz do Iguaçu e
vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos.
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