“El fútbol es lo opuesto a la tecnología precisamente por su exagerada condición humana: contradictoria, primitiva, emocional. Entenderán el motivo por el que veo al VAR como una aberración, por ejemplo. Si queremos ver justicia, luchemos por ella, pero en la vida real, no en una cancha”. A frase brilhante é do argentino Jorge Valdano. Alguém, sobretudo por sua capacidade intelectual, acima da média como jogador, dirigente, jornalista... Valdano disse tudo o que eu sempre quis, mas não consegui dizer sobre o VAR.
Minha posição contrária ao VAR se intensificou pela euforia causada pelo uso da nova tecnologia – sobretudo no Brasil. Toda unanimidade é burra; já diria o poeta. Desconfie, sempre.
Como se o VAR fosse resolver os problemas todos do futebol e, de quebra, os problemas de justiça num país onde o que impera é justamente a injustiça. Esqueçam! O VAR não resolve porcaria nenhuma. E, se não for bem utilizado, pode prejudicar um dos bens mais preciosos que o ser humano criou: o futebol. Um esporte que supera todos os demais por suas características peculiares. Não por acaso é o mais popular do planeta.
A fase de grupos teve uma utilização irritante e sem propósito do recurso tecnológico
Apanho demais por ser contra o VAR. É, digamos, impopular, obsoleto, antigo, ser “contra a tecnologia”. Carrego até o carinhoso apelido de “VARnaldo”. Mas até me divirto com isso. Ser contra o VAR pode servir ao menos, no fim das contas, para limitar o uso do VAR. Essa tem sido, digamos, a minha “estratégia”. O VAR, com parcimônia, serve. O VAR, como atração, é uma porcaria. E felizmente a Copa do Mundo, na minha opinião, pôde comprovar isso.
A fase de grupos teve uma utilização irritante e sem propósito do recurso tecnológico. Mais irritante até do que Neymar rolando no chão. Depois da bizarrice que foi Portugal x Irã (o desenrolar do jogo todo foi praticamente determinado pelo VAR), creio que resolveram dar um tempo e maneirar durante o mata-mata. Não que o VAR tenha desaparecido nos jogos decisivos do Mundial, mas ele passou a ser utilizado com a tal parcimônia, discretamente, rapidamente – sem a maldita paralisação para a consulta ao vídeo na beira do campo. Aquela cena patética do árbitro em frente ao monitor.
Evolução no esporte: O jogo ficou mais justo – mas pode melhorar (artigo de Luiz Maritan jornalista, escritor, mantém o blog Linha Média)
Eis que, quando tudo parecia sob controle, o argentino trapalhão Pitana (que árbitro ruim...) “mancha” a final entre França e Croácia com o pênalti polêmico marcado contra os croatas ao fim do primeiro tempo. Cedeu às reclamações dos franceses, titubeou, consultou o vídeo, titubeou de novo e decidiu marcar o pênalti.
Até agora não existe consenso, nem entre comentaristas de arbitragem, ex-profissionais, sobre o acerto ou não da marcação da penalidade. Óbvio. Simplesmente porque o VAR não resolve lances interpretativos. Ele é útil (mas não essencial, já que existem outros recursos) para dizer se a bola entrou ou não, para resolver impedimentos etc. Para lance interpretativo, não!
Que o VAR do mundo real seja de fato aperfeiçoado de acordo com a essência do jogo, aproveitando todas as lições (boas e ruins da Copa). Lembrando sempre a frase mágica de Valdano, agora traduzida ao português. “Se queremos ver justiça, lutemos por ela, mas na vida real, não no campo”. Deixem o sagrado futebol em paz!
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