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Artigo

O futuro não é o som do trovão

(Foto: Pixabay)

Tem uma frase que uso em minhas palestras: “em terra de robôs, quem tem coração é rei”. Vivemos um tempo de discussão de futuro e todos, de alguma forma, estão assustados com a transformação tecnológica pela qual o mundo está passando. Tenho falado que nós não estamos vivendo a quarta revolução industrial, mas sim a última. Pela simples razão de que a indústria nunca mais será a mesma depois de todas essas transformações. Inteligência artificial, internet das coisas, big data, computação cognitiva, enfim, o mundo mudou e está mudando em uma velocidade impressionante, mas será que é nisso que devemos colocar nosso olhar? Sabe o que de mais provocador esse momento nos traz? Para mim, toda tecnologia, todo robô, toda inovação está nos dando uma oportunidade única de resgatar a nossa humanidade.

Passamos os últimos 15 anos encantados com essa nova tecnologia, ficamos hipnotizados por essa janelinha que carregamos na palma das mãos, um portal que nos abriu o mundo, dando-nos todas as respostas que buscávamos. Mas ela teve um grande efeito colateral. A tecnologia que nos trouxe tantas novas oportunidades também nos tornou mais robôs, nos fez ficar cada vez mais distantes daquilo que, no fundo, é o que mais importa.

Estamos obcecados em ficar cada vez mais ricos, famosos, bem-sucedidos e esquecemos de olhar para o que está ao nosso redor

Levamos uma vida automatizada, programada. Deixamos de ser mais empáticos, criativos, altruístas, generosos e sensíveis. Nosso coração foi ficando de lado e nossa razão foi definindo nossas escolhas e as formas pelas quais nos movemos. Começamos a trabalhar mais para o sucesso profissional e financeiro e menos para o legado que vamos deixar para as pessoas e para o mundo. Começamos a ser pais mais tecnológicos, que ficam orgulhosos em ver os filhos de 2 anos sabendo mexer com a tecnologia melhor do que qualquer adulto. Acostumamo-nos a ver, em uma mesa de restaurante, famílias concentradas em suas janelinhas individuais e sem praticamente nenhuma interação. Estamos obcecados em ficar cada vez mais ricos, famosos, bem-sucedidos e esquecemos de olhar para o que está ao nosso redor.

O mundo está mudando e toda essa mudança está nos trazendo uma mensagem poderosa de que é tempo de parar de ouvir o som do trovão. Chega de acreditar que são as grandes transformações tecnológicas que vão definir nosso futuro. Chega de acreditar que são as grandes mudanças profissionais que vão mudar sua vida. Não são os shows histéricos de palestrantes motivadores que vão mudar você. Pare por um minuto, respire fundo e perceba que a grande transformação da sua e da minha vida está no silêncio, na brisa suave. Nada de grandes eventos, de barulho. Está no olhar do seu filho querendo seu abraço apertado. Na história de alguém que está do seu lado. Na sua sensibilidade de ouvir o que outro tem a dizer e encher seu coração de esperança. Está no abraço apertado na sua esposa e quando, nos momentos mais difíceis, ela diz: “está tudo bem, estamos juntos”. Não é o amor que sustenta o casamento, esqueça isso, é o casamento que sustenta o amor.

Olhar para o futuro é dar essa chance a si mesmo, a chance de resgatar sua humanidade. Não sei onde você está agora, mas sei que você tem, neste exato momento, a oportunidade de fechar os olhos e perceber, no mais profundo do seu ser, se você está vivendo a vida que sonhou viver. E não tem problema nenhum se sua resposta for “não”, sabe por quê? Porque o futuro é seu e o mais mágico da vida é que podemos, todos os dias, recomeçar. A Welcome Tomorrow não é sobre o som do trovão, não é sobre palavras de efeito para transformar sua vida, não é sobre as tecnologias que estão mudando o mundo. Somos um evento dos momentos simples, do humano, do verdadeiro, da generosidade. Assim, acreditamos que, neste grande encontro, nós vamos produzir momentos e conexões memoráveis e, no fim, é isso que vai fazer tudo valer a pena. Espero encontrá-lo e, se isso acontecer, por favor, me dê um abraço, quero te conhecer.

Flavio Tavares é fundador do Instituto PARAR e idealizador do WTW.

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