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A sensível redução dos spreads é medida tardia, mas altamente significativa para o setor de produção

A necessária revisão das elevadas taxas de juros praticadas pelo sistema bancário, nas quais estão incluídos os spreads, tem sido uma preocupação recorrente do setor produtivo e dos meios políticos, enfim, da sociedade organizada, que carece de medidas que proporcionem a imediata redução do custo financeiro dos empréstimos concedidos a pessoas físicas e jurídicas.

A presidente Dilma Rousseff se pronunciou recentemente a favor da redução dos spreads praticados no Brasil, situados entre os mais abusivos do mundo. Nesse sentido, foi recebida com otimismo a manifestação do presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Ben­­­dine, sobre o assunto, ao anunciar que a instituição está disposta a cooperar com o governo na redução dos spreads.

Uma iniciativa concreta foi dada a conhecer nos últimos dias pela alta direção do BB e Caixa Econômica Federal (CEF), que preparam cortes imediatos nas taxas incidentes sobre cartões de crédito e cheques especiais, oferecidas a clientes com histórico de bons pagadores. Em alguns casos essas taxas poderão recuar até mais da metade, caindo de 10% para 3% ao mês.

"O modelo de financiamento do país precisa ser revisto", afirmou o presidente do Banco do Brasil, dando consistência e andamento à proposição do Executivo e da equipe econômica do governo. A rigor, uma posição que apenas corrobora o pensamento recorrente da classe empreendedora, com o qual a Associação Comercial do Paraná sempre esteve sintonizada.

A sensível redução dos spreads é medida tardia, mas altamente significativa para o setor de produção, que só não consegue colaborar ainda mais com o desenvolvimento econômico, por ver-se cerceado, tanto pela carga tributária e encargos trabalhistas quanto pelos juros bancários e spreads absurdamente elevados.

A entidade representativa do setor comercial tem acompanhado, e participado com vivo interesse, o debate em torno da revisão das elevadas taxas de juros praticadas pelo sistema bancário, cumprindo uma de suas obrigações primordiais que é se colocar em defesa dos interesses da sociedade. Em especial, a ACP tem envidado esforços no sentido da criação de um ambiente de negócios mais favorável aos investimentos produtivos, com a diminuição de exigências burocráticas que acabam causando prejuízos à atuação das empresas.

Assim sendo, somente teremos sucesso e condições para superar os gigantescos obstáculos se conseguirmos ecoar essa luta entre a classe produtiva do país, que ainda não se manifestou com a ênfase necessária sobre a questão. Nas oportunidades em que o faz, dá mais relevância à diminuição da taxa Selic do que aos juros e taxas de financiamento propriamente ditos.

Edson José Ramon, presidente da Associação Comercial do Paraná.

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