O magistral poeta chileno Pablo Neruda teve uma forte participação política. É dele uma frase famosa que pode ser usada em quase tudo na vida: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas prisioneiro das consequências”. Esta ideia cai bem para abordar o momento atual e perigoso de extremismos de direita, esquerda e a revolta com a classe política que estamos vivendo no nosso país.
Nas redes sociais, sobram ataques verbais violentos e falta diálogo entre os que pensam diferente. Nas ruas, as manifestações ligadas à extrema-esquerda muitas vezes provocam depredação do patrimônio público. Estamos vendo crescer os insultos e até agressões físicas envolvendo figuras públicas em aeroportos e restaurantes. Políticos são flagrados em escutas telefônicas usando linguagem para lá de chula, sem falar que outros vomitam insultos gratuitos aos quatro ventos nas redes sociais e dentro das casas legislativas. Um tremendo mau exemplo dos que se dizem representantes do povo.
Aonde isso tudo vai nos levar? Até que ponto vale a pena fomentar este ódio do “nós contra eles”? A classe política foi surpreendida com o empoderamento e a militância da população até então acomodada. Militância não de política partidária, mas de combate à corrupção e à incompetência do Estado na gestão do Brasil. Enfim, estamos fartos.
Estamos vivendo uma crise econômica gigantesca aliada ao sentimento de impotência de toda a população em relação ao Legislativo. Neste caldo, devemos refletir sobre este sentimento de raiva e, por que não dizer?, de vingança que tem motivado esses insultos e agressões de ambas as partes.
Preferimos usar nossa energia para aplaudir o MP, a Justiça e a Polícia Federal
Lembrando Pablo Neruda, esta liberdade de agredir poderá ter consequências menores ao agressor e maiores para o futuro do Brasil como nação. Todos querem um Brasil melhor. Estamos mudando, sem sombra de dúvida. Mas temos de cuidar para que não avancemos de forma dividida, pois essas forças opostas podem atrasar ou deformar este avanço.
Felizmente a grande maioria da população está fora dessa contenda de extremismos. Quando criamos o Projeto Laços de Apoio, baseamo-nos no conceito de unir os brasileiros, pois juntos somos muito mais fortes. Canalizamos nossa indignação em energia para planejar e executar ações pacíficas apoiando a Justiça como ponto de equilíbrio diante de um Executivo e Legislativo claudicantes. Entre tantas pautas, escolhemos desde o início o apoio à Operação Lava Jato e, mais recentemente, o projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção que tramita no Congresso.
Preferimos usar nossa energia para aplaudir o Ministério Público, a Justiça Federal e a Polícia Federal, no lugar de desperdiçar energia e tempo insultando suspeitos e presos recém-chegados a Curitiba. Para eles, empresários, agentes públicos ou políticos de qualquer partido, total atenção para que seus nomes nunca mais sejam esquecidos. Que sejam julgados e, caso condenados, cumpram suas penas e devolvam todo o prejuízo que causaram ao Brasil com juros e correção monetária. E que os legisladores que não apoiam as medidas de combate à corrupção jamais sejam reeleitos.
Sei que para muitos é difícil se conter ao encontrar pessoas que fizeram e ainda fazem muito mal ao país. Minha sugestão é substituir as agressões, mesmo quando somos provocados de forma cínica, por uma sonora vaia, por exemplo. E, quando encontrarmos quem admiramos, vamos aplaudir calorosamente, como já vem acontecendo. Escolhendo esta forma mais civilizada de agir, fortalecemos a democracia, nos manifestando, mas não alimentamos a violência e o revanchismo. Vamos dando exemplo às novas gerações, fortalecendo nosso senso crítico e colaborando na construção de um país mais admirado e de um Estado mais eficiente, livre da corrupção sistêmica e de políticos dinossauros. Felizmente, aos poucos o mato vem sendo eliminado pela raiz, isto é, pela Justiça e pela urna. Aos poucos, sem atalhos e conchavos, vamos preparando a terra para melhores colheitas. Em Curitiba, terra da Lava Jato e das Dez Medidas; no Paraná, um estado agrícola com muito orgulho; e no Brasil, formado por cidadãos que exigem mudanças. Já!
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