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O jogo da produtividade medida em horas de trabalho

O Brasil é o país do futebol. Ou era? É o país do futuro! Ou vai ser? Sede da Copa do Mundo? O campeão do carnaval? E agora, o que é? O dos Jogos Olímpicos? Ou o líder em criminalidade? A nação dos serviços públicos ineficientes? O dream team dos políticos corruptos? O artilheiro da sonegação? O craque da roubalheira? Tudo isso, não é mesmo? E sabe mais o quê? Um dos países com o menor índice de produtividade do mundo!

A média de resolutividade do trabalhador brasileiro por hora de trabalho é a pior na comparação com outras 12 economias. Nesse jogo perdemos de goleada. Ficamos atrás de países como Alemanha, Taiwan, Cingapura, Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul, a líder do ranking divulgado em 2015 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – mesma entidade que agora apoia o aumento da carga horária dos empregados. Ora, se ela mesma entendeu que o problema é a produtividade, será mesmo que adianta sobrecarregar o trabalhador, colocando-o em regimes de 60, 70 ou até mesmo as absurdas 80 horas semanais?

Em nenhum lugar do mundo mais tempo de trabalho corresponde a mais resultado

Em nenhum lugar do mundo mais tempo de trabalho corresponde a mais resultado. Pelo contrário. É essencial equilibrar as atividades profissionais com as pessoais. A razão de o Brasil estar na última colocação no levantamento não é uma só. O país está abaixo da média aceitável em quesitos como qualidade da mão de obra, formação profissional, infraestrutura e tecnologia. Quando a “seleção canarinho” coloca em campo a corrupção endêmica e o jeitinho brasileiro, conseguimos entender um pouco melhor a nossa posição nesse ranking.

A criatividade e a malemolência, que deveriam jogar a nosso favor, só atrapalham na hora de medir os resultados. O projeto não ficou pronto no prazo? “Ah, mas choveu.” “Faltou matéria-prima.” “O gerente atrasou.” “O meu time ganhou no fim de semana.” Somos campeões em dar desculpas! Quando juntamos ao nosso esquema tático a alta carga tributária do Brasil, a peleja fica ainda mais difícil. O aumento dos custos sistêmicos e a queda de investimentos, motivada pela baixa confiança do empresário, colocam o país na segunda divisão – quase caindo para a terceira – nesse campeonato dos negócios.

O que vai nos fazer campeões é a inteligência e o foco em soluções. Precisamos aprender a chegar aos resultados efetivos em menos tempo e com um esforço menor. Temos de achar os atalhos. Mas, enquanto o tempo está correndo, nos preocupamos com a cor da chuteira, com o corte de cabelo, com as coisas extracampo. E a torcida adversária grita “olé”. Por todos esses motivos, o 7 a 1 vira vitória. Nesse “campeonato da produtividade” apresentado na pesquisa da CNI, tomamos 11 a zero. E, se existissem mais times nessa disputa, o vexame seria ainda maior.

Ao ver esse resultado no placar, o Brasil faz o quê? Aumenta os investimentos em educação, saúde, segurança, pesquisa, tecnologia e facilita o acesso ao crédito? Não. Faz exatamente o contrário. E ainda acha que aumentar a carga horária de trabalho vai resolver o problema da baixa produtividade. É o mesmo que aumentar o tempo da partida, acreditando piamente que o resultado mudaria. Sabe o que iria acontecer? Continuaríamos chutando a bola pra fora. Tudo bem... poderíamos até marcar uns golzinhos a mais. Mas a goleada é inevitável.

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