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 | Felipe de Lima Mayerle/
| Foto: Felipe de Lima Mayerle/

O árbitro de vídeo chegou à Copa do Mundo da Rússia como a vedete do momento, aquele que iria acabar com todos os problemas relativos à arbitragem, quase uma salvação da lavoura para o futebol. Um mês, 64 jogos e algumas mudanças de percurso depois, ficou provado que não era nada disso. Ainda bem. E o resultado desta aventura tecnológica em campos russos foi positiva.

Uma das máximas mais verdadeiras do futebol é a de que um bom árbitro até se esquece que está em campo. E, nesta falta de discrição, o VAR (para os íntimos) se perdeu na primeira fase da Copa do Mundo. Com toda a atenção voltada para a tela da televisão, a novidade se tornou, em vez de uma solução para evitar os equívocos, uma forma de mais gente errar. Foi o caso do pênalti dado em Griezmann na estreia da França contra a Austrália – a primeira aparição do árbitro de vídeo na história das Copas. Tenho a certeza de que a falta foi fora da área.

Durante toda a primeira fase foi assim: alguns times sendo favorecidos, outros prejudicados e um excesso de “VARização” do futebol. O leitor com boa memória irá se lembrar de outros casos. A ponto de alguns apitadores se esconderem atrás do recurso eletrônico para não decidir. Caso de Suécia e Coréia do Sul: o argentino Joel Aguilar, a poucos metros do lance e com visão clara da jogada, não marcou pênalti de Kim Min-Woo sobre Claesson. A falta somente foi anotada minutos depois, quando a bola já estava no outro ataque e com a participação do VAR.

A rota foi corrigida a partir das oitavas de final, com a participação mais discreta do árbitro de vídeo

A rota foi corrigida a partir das oitavas de final, com a participação mais discreta do árbitro de vídeo. Na grande maioria dos casos, a teatralização do juiz indo até a beira do campo foi substituída por uma conversa entre a equipe que estava vendo o jogo pela televisão e quem estava dentro de campo. Assistir ao lance na telinha, somente quando era mesmo necessário. Com isso, o índice de acerto aumentou no mesmo ritmo em que as reclamações e desconfianças diminuíram.

A ponto de termos um lance decisivo no jogo final decidido com o auxílio do VAR. Depois de ver e rever o lance por vários ângulos, não tenho certeza se o pênalti de Perisic existiu ou não, mas pelo menos o argentino Nestor Pitana teve todos os recursos possíveis para decidir.

Não vou entrar na conversa da Fifa de que as arbitragens do Mundial tiveram mais de 99% de acerto. Longe disso. Mas não deixa de ser auspicioso termos uma Copa do Mundo sem tantas polêmicas. Principalmente nas fases eliminatórias. Com a evolução do VAR dentro da competição, o jogo ficou mais justo.

Deixem o futebol em paz: O futebol é muito maior que a tecnologia (artigo de Arnaldo Ribeiro , chefe de redação dos canais ESPN e comentarista do programa “Linha de Passe”.)

Terminada a Copa do Mundo, é preciso que os responsáveis pela arbitragem no mundo façam uma avaliação crítica de tudo o que aconteceu na Rússia. Uma possibilidade de os treinadores desafiarem a marcação da arbitragem, como acontece no futebol americano e no vôlei, poderia ser um caminho. Utilizar o recurso para marcações de lances com perigo claro de gol, como faltas próximas à área, outra. Evitaríamos, por exemplo, a falta cavada por Griezmann e marcada por Pitana, que gerou o primeiro gol francês na final.

Para um cético como este jornalista, a estreia do VAR na Copa do Mundo foi positiva e mudou minha visão sobre o uso da tecnologia no futebol. Mas, como tudo neste mundo atual de transformações e novidades instantâneas, não pode parar no tempo. É preciso continuar evoluindo.

Luiz Maritan é jornalista, escritor e mantém o blog Linha Média, sobre futebol.
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