| Foto: Philip Quirino/Free Images

O conceito de família brasileira tem mudado muito nos últimos anos e hoje em dia não cabe mais o estigma da mulher cuidadora e do homem provedor. Temos presenciado muitos avanços nos temas da liderança feminina e da equidade de gênero, cada vez mais em voga na mídia, além do surgimento de grupos de apoio à causa. No entanto, o mercado de trabalho ainda é muito desigual com as mulheres em relação a hierarquização, segregação de gêneros e desigualdade salarial. Embora estejamos em 2016, é possível identificar a falta de rede de apoio nas empresas para as mulheres que decidem ser mães e veem suas carreiras ameaçadas e sem perspectivas de atingir cargos de liderança por esse motivo.

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Um importante passo para que ocorra uma mudança efetiva nessa questão vem sendo discutido timidamente no Brasil: a licença parental. O benefício, conquistado há mais de 70 anos, era concedido apenas para as mulheres por facilitar a amamentação e garantir um vínculo entre elas e seus bebês; no entanto, como consequência, elas enfrentavam desigualdade em suas carreiras, além de acumularem tarefas com os filhos e a casa, vivendo uma jornada dupla.

O movimento de ampliação da licença-paternidade vem ganhando força nos últimos anos

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Em março de 2016 tivemos uma boa nova com a mudança da lei brasileira sobre licença-paternidade, passando de cinco para 20 dias. Mas, para que os pais tenham direito ao período ampliado, é necessário que a empresa em que trabalham seja vinculada ao Programa Empresa Cidadã, do governo federal. A lei passará a valer a partir de janeiro de 2017 e, apesar de ser considerada um avanço, é um passo muito pequeno quando comparamos o Brasil a outros países no mundo.

A Suécia, por exemplo, foi o primeiro país a estender aos pais a oportunidade de cuidar dos seus filhos recém-nascidos, oferecendo o benefício desde 1974. A ideia inicial era que os casais dividissem igualmente seis meses de licença, mas os homens tinham a opção de transferir dias para suas mulheres, o que acontecia com 90% dos dias. No ano de 1995, o governo exigiu que todos os pais tivessem pelo menos 30 dias de licença; sete anos depois, esse período foi estendido para 60 dias. Outro exemplo é a Finlândia, onde pais e mães têm o mesmo direito, sendo três meses para a mãe, três meses para o pai e outros três meses que podem ser compartilhados pelo casal.

O movimento de ampliação da licença-paternidade vem ganhando força nos últimos anos. No Brasil, a Natura concede 40 dias para os pais, e o Twitter estendeu para 20 semanas o período que os pais podem ficar em casa em todos os países onde a empresa tem escritório, inclusive no Brasil. Esta atitude é fundamental para a desconstrução de papéis de pai e mãe, pois divide igualmente a responsabilidade sobre os filhos, e fortalece o vínculo entre pais e filhos.

É fundamental evoluirmos para a licença parental que, em conjunto com outras ações e programas corporativos, diminuirá a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e ajudará a impulsionar a carreira das mulheres, pois elas passam a não ser mais fator de risco para as empresas por causa da maternidade.

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Vamos acelerar o processo da equidade de gênero e fazer com que o compartilhamento de tarefas e o cuidado dos filhos e da casa sejam papel de pai e mãe. Esse equilíbrio de tarefas é positivo para todos os lados e gera uma sociedade mais harmoniosa e sustentável.

Cristina Kerr é CEO da CKZ Eventos e idealizadora do Fórum Mulheres em Destaque.