Sou favorável a uma radical mudança na administração do FGTS, permitindo-se que o trabalhador faça uso mais rápido do FGTS para diversas necessidades suas e de sua família
Em novembro de 2001, o então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Rubens Approbato Machado declarou para a imprensa que o governo federal, por intermédio da Caixa Econômica Federal, estava dando o "maior golpe do mundo" nas contas do FGTS do trabalhador.
Approbato rebatia, assim, a campanha sorrateira do governo federal, via Caixa Econômica Federal, que oferecia aos trabalhadores o "maior acordo do mundo". Hoje temos a certeza de que, sim, o governo federal deu o maior golpe do mundo no FGTS, pois permitiu que a rede bancária do país não pagasse as correções devidas nos depósitos do FGTS, dos planos econômicos Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990) e Collor II (1991), num total de 138%, o que correspondia, na época, a R$ 80 bilhões.
Os advogados do país aos poucos foram ganhando ações para pagamento dessas diferenças, o que assustou os bancos particulares e o governo. Na época do governo Collor, possivelmente a pedido dos bancos, ele assinou um decreto passando esse mico gigantesco para a Caixa Econômica Federal, que se recusou a pagar o antigo passivo. Na ocasião, já na Presidência de Fernando Henrique Cardoso, o Supremo Tribunal Federal (STF) foi pressionado para extinguir esses direitos, que já estavam com decisão pacificada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A solução do STF foi na base do meio a meio, ao cortarem a concessão de correções dos planos Bresser e Collor II. Assim o trabalhador perdeu 51%.
Por essas mazelas e desmandos dos burocratas do governo, a discussão sobre o FGTS esquentou até hoje, com críticas pesadas à administração do fundo, notadamente pelas glosas legais e ilegais e falcatruas históricas no fundo, que aos poucos vinham à tona e chocavam a sociedade.
Além dessa glosa de dois planos econômicos de 51%, surgiram denúncias graves de crimes cometidos no FGTS, além desse maior golpe do mundo.
No livro FGTS 41 anos ganhos perdas fraudes, de autoria do analista de sistemas Mario Avelino, ele fornece uma listagem de nove mega golpes no FGTS, que vão desde reajustes não pagos pelo governo à glosa de valores na transferência do FGTS para a Caixa Econômica Federal, contas desaparecidas, até golpes de estelionatos por bandidos de esquina. Esses mega golpes somaram R$ 197 bilhões nesses 41 anos de existência do FGTS, em prejuízo direto no bolso dos trabalhadores, já que o fundo é deles, porém administrado por governos irresponsáveis, que se locupletam da grana suada do trabalhador mal pago, e se recusam a dar o merecido respeito que o cidadão trabalhador merece.
Por essas e por outras, e por atuar advogando nessa área difícil, sou favorável a uma radical mudança na administração do FGTS, permitindo-se que o trabalhador faça uso mais rápido do FGTS para diversas necessidades suas e de sua família, pois deixando compulsoriamente seu recursos mofando na CEF, com juros ridículos de 3% ao ano, que nem sequer alcançam a inflação, teremos a continuidade desses fatos escandalosos de corrupção violenta contra o bolso dos trabalhadores.
Lineu Tomass, advogado, é especialista em Direito Tributário.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Governo Lula impulsiona lobby pró-aborto longe dos holofotes
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula