É vexatório não haver medidas suficientes para barrar a destruição da natureza em nosso estado, especialmente em função de nossa conhecida arrogância e da falta de conhecimento básico sobre princípios de conservação
Nós paranaenses somos muito eficientes em destruir a natureza. Nossa história está baseada neste princípio. Para nós, a forma mais direta de gerar desenvolvimento ao longo das décadas foi com a abertura de frentes de colonização às custas das áreas naturais do nosso estado.
Na década de 40, cerca de 50% da cobertura natural do Paraná já havia sido exterminada. Nestes últimos 70 anos foram outros 100 mil quilômetros quadrados de florestas e campos suprimidos. Em média, destruímos anualmente áreas próximas a 150 mil hectares.
No Paraná resta menos de 3% de cobertura natural em bom estado de conservação, grande parte limitada às encostas inacessíveis da Serra do Mar e ao Parque Nacional do Iguaçu. O restante, incluindo as florestas com araucária, limitam-se a pequenas frações de território (menos que 0,4% de remanescentes bem conservados), incrustados em áreas privadas. A má distribuição de áreas naturais representa um sério problema à biodiversidade, permitindo o desaparecimento dos biomas não representados nas regiões onde a proteção se faz presente. Para nós, Campos Naturais, Cerrado, Floresta com Araucária e a Floresta Pluvial Tropical, que cobria o Norte e o Noroeste paranaenses, não estão sob a presença de instrumentos de conservação que garantam a manutenção de seus últimos remanescentes.
Em função disto, numa demonstração de irresponsabilidade e inconsequência, as últimas áreas ainda existentes continuam a ser suprimidas nos dias de hoje, a partir da cegueira dos governos e de grande parte da iniciativa privada. Mais do que tudo, é inaceitável o fato de já existirem instrumentos de estímulo e compensação que poderiam estar reprimindo com qualidade a contínua destruição de áreas naturais no Paraná e de estes não serem utilizados como política pública.
É vexatório não haver medidas suficientes para barrar a destruição da natureza em nosso estado, especialmente em função de nossa conhecida arrogância e da falta de conhecimento básico sobre princípios de conservação e sobre as consequências negativas que o mau uso da terra impõe, com ênfase nos gigantescos prejuízos econômicos decorrentes de causas ainda não tão óbvias da degradação ambiental. Entramos em 2009 na plenitude de um governo radicalmente centralizado e que permite realizar os pequenos investimentos na área da conservação da natureza a partir de achismos de sua liderança mais alta (e só dela). Tudo indica que ninguém na secretaria estadual do Meio Ambiente e no Instituto Ambiental do Paraná é hoje responsável pelas ações na área da conservação. Apenas seguem a orientação do alto sem questionar, muito embora saibam que o alvo está longe de ser atingido. Não há estratégia de conservação. Não há indicadores de biodiversidade. Falta personalidade e espírito de luta. Sobra frustração daqueles que poderiam colaborar aos que se acomodaram ao sistema. É o caso de achar que dois anos passam rápido? E depois o que virá? Existe espaço para se perder tempo assim na atual conjuntura?
A destruição da natureza é um problema social grave em todo o mundo. Dá prejuízo e mata pessoas. Talvez a primeira coisa que uma população precise saber seja a condição de falência que a gestão pública se encontra no que se refere à conservação da natureza. Que o custo das inconsistências de nossos gestores não represente mais prejuízos em nossos bolsos e a destruição do futuro de nossos filhos.
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