Ouça este conteúdo
Desde a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro em 1992 (conhecida no Brasil como “Eco-92”), o mundo ocidental tem vivido sob a impressão de uma “catástrofe climática” iminente. Mas essa crise declarada parece ter sido adiada pela eternidade. Ademais, é ocidental a maioria das nações que se comprometeram com a redução da emissão de gás carbônico e outros gases de efeito estufa.
Enquanto alcançamos 2024, consideremos alguns pontos chave:
1. As emissões globais de CO2 continuam aumentando
Desde 1992, as emissões de CO2 vêm aumentando de modo constante no globo. Com países como a China e a Índia comprometidos com o seu próprio desenvolvimento industrial, e com o mundo em desenvolvimento, de modo geral, seguindo a tendência, podemos antever que as emissões globais de CO2 continuarão subindo. Mesmo que as nações ocidentais reduzam suas emissões, isto será contrabalançado por aumentos noutras partes.
2. É improvável que se alcance a meta de 1,5°C do Acordo de Paris
A meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, como esboçado no Acordo de Paris, exigiu extensos cortes de CO2 cuts. O fato é que estamos aquém dessas reduções. Por conseguinte, podemos considerar altamente improvável que o alvo do Acordo de Paris seja atingido.
3. A meta de "Decarbonização 2050", da União Europeia, enfrenta dificuldades
A meta da União Europeia de completa descarbonização em 2050 é ainda mais ambiciosa que o Acordo de Paris. Ainda assim, mesmo que a Europa a alcance, dificilmente faria diferença nas emissões globais. Ademais, esse esforço poderia colocar as nações europeias numa desvantagem competitiva sem afetar a mudança climática global.
4. O impacto econômico da mudança climática segundo o IPCC
Vejamos agora a questão do impacto econômico das emissões de CO2. O físico Steven Koonin, ex-especialista do clima de Obama, em seu último livro, Unsettled, aponta que mesmo que o cenário mais pessimista do IPCC se tornasse realidade, o impacto econômico global seria desprezível (cf. o capítuto “O apocalipse que não é”).
E no seu sexto e último relatório completo, o IPCC estima que um 3º aquecimento – o dobro da meta do Acordo de Paris – reduziria a economia global em 3%. Três por cento ao ano? Não, 3% por volta do ano de 2100. Essa quantidade representa uma redução de 0,04% ao ano no crescimento econômico global, um número que mal se pode medir com estatística.
Isto no cenário pessimista do IPCC. Nos cenários mais otimistas, o impacto econômico do aquecimento será praticamente inexistente. No Quinto Relatório Anual, Grupo de Trabalho II, capítulo 10, o IPCC afirma: "Para a maioria dos setores econômicos, o impacto da mudança climática será relativamente pequeno em comparação ao impacto de outros fatores (…). Mudanças na população, idade, renda, tecnologia, preços relativos (…) e muitos outros aspectos do desenvolvimento socioeconômico terão um impacto na oferta e demanda dos bens e serviços econômicos que é grande em relação ao impacto das mudanças climáticas.”
Em vez de tentar combater as emissões de CO2, faríamos melhor em investir em pesquisas sobre abastecimento confiável de energia mais limpa e barata.
Em outras palavras, segundo os dados do próprio IPCC, o crescimento econômico e o bem-estar na Europa e nos EUA (e Brasil) são infinitamente mais ameaçados por políticas ambientalistas extremistas e alucinadas do que pelo aquecimento global.
A lição de tudo isso é simples: as gerações futuras irão nos julgar duramente por permitir que um ativismo ambiental extremista nos enfraqueça no Ocidente, enquanto um oriente hostil – China, Rússia, Coreia do Norte e Irã – continuam a avançar suas capacidades industriais e militares.
Em vez de tentar combater as emissões de CO2, faríamos melhor em investir em pesquisas sobre abastecimento confiável de energia mais limpa e barata, de modo que todos – por escolha – corram para usá-las.
As emissões globais e o estoque acumulado de CO2 na atmosfera infelizmente não cairão tão cedo, mas isso não é um motivo para deixar cair a posição do Ocidente.
Drieu Godefridi, PhD, é autor de O Reich Verde.