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O Natal, o agro e o mercado

(Foto: Dmytro/Pixabay)

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Quantos perus produzidos pelo agro são necessários para a ceia de Natal? Ou quantos carneiros ou leitoas? Você poderia contar o número de pessoas na sua cidade como ponto de partida. Claro, nem todo indivíduo precisa de uma leitoa, então o número de domicílios pode ser mais útil. Mas nem todo domicílio precisa de uma leitoa também.

Talvez, então, você poderia enviar uma pesquisa com antecedência para perguntar às pessoas quais são suas necessidades para a ceia. Mas você não pode simplesmente criar novos carneiros da noite para o dia. Eles precisam nascer e ser criados com bastante antecedência.

É óbvio que nenhuma parte do Natal realmente funciona dessa maneira. Ninguém precisa descobrir em nível nacional, ou municipal, quantos animais totais são necessários com antecedência. É uma pergunta impossível de responder. É por isso que temos mercados em vez de um Natal planejado centralmente.

Cada loja sabe que as pessoas vão querer alguns tipos de carnes na época do Natal, então eles fazem pedidos de fornecedores do agro com base nesse conhecimento. Eles sabem aproximadamente quantos clientes atendem e são especializados em acertar os pedidos.

Nesse Natal, seja grato pela ordem espontânea e por todas as pessoas acima e abaixo da cadeia de suprimentos que, consciente ou inconscientemente, ajudaram a levar sua refeição desse importante feriado do cristianismo até você

A ciência da economia é uma ciência racional que reconhece a primazia das leis da sociedade humana. A economia ensina que o mercado é um sistema de relações logicamente necessárias provocadas pelas ações de indivíduos que buscam satisfazer seus desejos mais urgentes. Ela ensina que qualquer instância de coerção que vise influenciar as ações de indivíduos é prejudicial ao processo de mercado. Uma negação desses ensinamentos levaria inevitavelmente ao estado de coisas em que a força se torna o único meio de obter a cooperação de indivíduos na sociedade.

O Natal é um belo exemplo disso: é espontâneo, sem nenhum tipo de coerção, uma legítima operação de ganha-ganha. Os fornecedores sabem que as lojas vão querer perus, carneiros ou leitoas na época do Natal, então eles os congelam com meses de antecedência. O processo de planejamento para carnes de Natal é descentralizado por meio de mercados. Milhões de pessoas em vários pontos do processo planejam pequenas coisas que estão dentro de seu poder de controlar e, com a ajuda do sistema de preços, as pessoas obtêm as carnes que desejam.

Nesse Natal, seja grato pela ordem espontânea e por todas as pessoas acima e abaixo da cadeia de suprimentos que, consciente ou inconscientemente, ajudaram a levar sua refeição desse importante feriado do cristianismo até você. É o mercado e o agro que vão saciar a sua fome nesse Natal.

Antonio Cabrera foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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