É importante relembrar que o objetivo principal do mestre é o aprendizado de seus discípulos e, quando este não acontece em plenitude, o mestre precisa intervir. Um dos temas mais discutidos sobre a rotina das salas de aula é o enfrentamento ao bullying.
Instituída em 2015, a lei 13.185 estabelece um programa de combate à intimidação sistemática em todo o território nacional. A partir disso, foi caracterizado como bullying todo ato de violência, física ou psicológica, praticado por indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la. Mas indo além do que está descrito na lei, como o professor, individualmente, pode atuar nesse tipo de situação?
O professor é um agente importantíssimo no combate ao bullying visto que ele transita por todos os grupos, interage e conhece os estudantes, suas atitudes, potencialidades e fragilidades em situações adversas, o que lhe permite perceber onde devemos investir tempo e ação tanto no âmbito individual quanto no coletivo. Ademais, o professor conhece e pode intervir também na família do estudante que tem papel fundamental na formação moral e social da criança. A atuação do professor, na maior parte das vezes, lhe dá abertura e capilaridade para criar vínculos que permitam que se aproxime dos estudantes e ouça suas percepções e sentimentos, as dificuldades, os anseios, os sonhos, as expectativas.
Atividades pedagógicas rotineiras como trabalhos em dupla, em grupos e até as apresentações em público revelam não apenas questões acadêmicas, mas também as habilidades socioemocionais individuais e de grupo. A intervenção deve levar em consideração a situação, o contexto e os envolvidos no intuito de se planejar as melhores ações, cuidando para jamais naturalizar ou banalizar a situação e/ou as percepções e sentimentos dos envolvidos. Uma forma de evitar o bullying é o estabelecimento de regras e limites claros que permitam que os sujeitos se sintam ouvidos e respeitados, partícipes do processo.
Toda atividade que permita o conhecimento, a sensibilização, a troca de informações e de percepções acerca do grupo, favorecem a prevenção e maior consciência dos estudantes acerca do bullying. A diversificação metodológica e a consciência de que dispomos de ferramentas importantes para implementar uma cultura de paz como a comunicação não violenta, atividades que privilegiem o trabalho coletivo, a superação das limitações pessoais ao invés da competição, ajudarão a promover uma outra forma de relacionamento muito mais saudável.
Débora Camargo é orientadora educacional no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília.
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