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Em incursão recente realizada neste espaço, houve uma tentativa de reunião de alguns fatores de mudanças e de oportunidades colocados ao desenvolvimento econômico do Paraná neste ciclo eleitoral. Contudo, convém ter em conta que o adequado aproveitamento das principais potencialidades oferecidas ao estado dependeria do simultâneo encaminhamento da correção de algumas restrições à ampliação da base produtiva operante no território paranaense que, por seu turno, exigiria a intensificação de atitudes políticas em algumas direções convergentes.

Antes de mais nada, afigura-se essencial buscar a minimização dos efeitos da forte concentração industrial no espaço polarizado pela região metropolitana de Curitiba (RMC), particularmente no eixo Paranaguá–Curitiba–Ponta Grossa, examinando as possibilidades de aproveitamento da infra-estrutura física e científica e tecnológica de uma rede de cidades de porte médio no interior do estado, para a descoberta de alternativas de investimentos associadas às vocações e aptidões regionais.

Seria oportuna também a perseguição de uma maior internalização dos efeitos multiplicadores dinâmicos do pólo automotivo, por meio da inserção de empresas locais nas cadeias de fornecimento e subfornecimento, multiplicando os esforços que vêm sendo realizados pelo Sindimetal e pelo Sebrae-PR. As negociações no âmbito do Conselho de Política Automotiva, criado pelo atual governo estadual, pouco avançaram no sentido da celebração de compromissos, das montadoras e de seus fornecedores de primeira linha, de ampliação das compras de peças e componentes fabricados no estado, que atualmente representam cerca de 24,0% das aquisições totais.

É importante ainda a procura intransigente do resgate de uma identidade empresarial regional, neutralizando as chances de prosseguimento da marcha de absorção de grupos domésticos por corporações estrangeiras e examinando criteriosamente alternativas ao programa de privatizações da área de infra-estrutura e, sobretudo, das instituições de fomento econômico.

Dentro desse desafio, convém atentar para a limitação imposta pelo esfacelamento da retaguarda financeira do desenvolvimento econômico, constituída por ativos públicos construídos e/ou consolidados, especialmente o Badep (extinto em 1991) e o Banestado, durante pelo menos 40 anos, e que representaram bases de parcela apreciável dos investimentos e do giro dos negócios do estado durante esse prolongado período.

Há que considerar a premência em minimizar a migração campo–cidade, ocasionada pela continuidade inexorável do processo de mecanização da agricultura e pela crescente inviabilização econômica de algumas atividades rurais, agravada pela falta de dinamismo do mercado de trabalho urbano em tempos de abertura e de globalização. É imperiosa também a busca de restauração do equilíbrio das contas públicas e, conseqüentemente, da capacidade de inversão pública em capital social básico, notadamente na área de educação, essencial para a qualificação de mão-de-obra dirigida ao atendimento dos requisitos implícitos no novo paradigma.

Por fim, a remoção das barreiras ao desenvolvimento do Paraná requer a restauração e/ou intensificação do uso de instrumentos de planejamento público, como elementos definidores da correção das distorções e imperfeições do tecido econômico e social, ocasionadas pela predominância do livre jogo das forças de mercado, e indutores da otimização das vantagens competitivas dos diferentes espaços regionais.

Nessa perspectiva, parece imprescindível ainda o exercício de pressões ativas para a reconstrução dos espaços de presença e influência política paranaense na esfera federal (Executivo e Legislativo), na defesa legítima de programas e projetos essenciais ao desenvolvimento do estado, como a luta contra o passeio do ICMS da energia elétrica e a exígua participação nos recursos do Orçamento da União, campo fértil em um país desprovido de políticas de desenvolvimento há quase três décadas.

Até porque, nos tempos recentes, o estado estaria apenas reproduzindo o crônico e perverso circuito brasileiro de compressão dos níveis de poupança agregada, em benefício da elevação da propensão a consumir das elites e das classes médias. Apenas a título de ilustração, segundo os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná apresentou, em 2005, a 13.ª maior concentração de renda do país, sendo o estado mais desigual do Sul-Sudeste, empatando tecnicamente com o Espírito Santo.

Particularmente quanto ao desenvolvimento sustentável, devem ser fomentadas pesquisas científicas em universidades ou órgãos afins, para o desenvolvimento de tecnologias que evitem ou minimizem a poluição ambiental, o desperdício e melhorem os processos de reciclagem. Além disso, deveria se dar ênfase aos estudos sobre novas técnicas de sistemas de produção que privilegiem a obtenção de produtos de forma sustentável, ou seja, usando com eficiência os recursos e energia renováveis.

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