Não há novidade na afirmação de que o biênio 2015-2016 será marcado pelas dificuldades. Segundo o Relatório Focus do Banco Central, o PIB brasileiro poderá registrar variação de -2,95% em 2016, percentual próximo da taxa de -3,71% estimada para 2015, definindo uma recessão em dois anos consecutivos que não é observada desde a década de 1930.

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Nesse contexto nacional extremamente desfavorável, as economias regionais vêm sofrendo em demasia, embora possam ser observadas algumas diferenças entre os resultados econômicos das unidades federativas, o que sugere condições também diversas para a superação das adversidades atuais. No caso do Paraná, há peculiaridades que vêm assegurando uma resistência um pouco maior aos efeitos da crise brasileira, conforme indicações de pesquisas conjunturais, e que podem propiciar uma retomada mais rápida após o desejado reequilíbrio macroeconômico.

Apesar do generalizado agravamento do desemprego no País, a situação do mercado de trabalho no Paraná é menos desfavorável

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Entre esses diferenciais, deve ser citado primeiramente o coeficiente de exportação mais elevado da economia local, comparativamente às vendas externas como proporção do PIB nacional (11% contra 9%). Essa relevância, conjugada com as oportunidades que serão abertas pelos novos níveis do câmbio e pela redução do protecionismo na Argentina, importante comprador de industrializados paranaenses, deverá resultar em patamares de exportação do Estado superiores aos observados nos últimos dois anos, beneficiando não somente os produtores de bens demandados pelo mercado internacional, como também outras atividades econômicas, dados os multiplicadores do comércio exterior. Cabe ressaltar ainda que as estimativas apontam para um crescimento de 7% da produção estadual de soja, principal item da pauta local de exportação, no ano de 2016.

Além disso, apesar do generalizado agravamento do desemprego no País, a situação do mercado de trabalho no Paraná é menos desfavorável, com o registro de uma taxa de desocupação de 6,1% no terceiro trimestre de 2015, correspondendo ao segundo melhor resultado entre as Unidades da Federação. Em adição, os salários permanecem em níveis razoáveis, suplantando em 11% a média nacional e ficando abaixo apenas dos valores do Distrito Federal, com grande peso da administração pública, e São Paulo, a maior economia do País. Esses números sinalizam que o potencial de consumo dos paranaenses vem sendo menos afetado.

Por fim, outro importante diferencial diz respeito ao investimento público, que será significativamente ampliado em 2016 como resultado do ajuste fiscal paranaense. A título de referência, utilizando sofisticado instrumento de planejamento econômico (matriz insumo-produto), estima-se que uma expansão de 10% da construção civil, destino da maior parte dos investimentos, redunda em aumentos de 0,5% do PIB e 0,7% do emprego no Paraná, dados os impactos diretos e indiretos, o que não deixa dúvida quanto à efetividade da estratégia do governo estadual para o enfrentamento da crise.

Julio Suzuki é diretor-presidente do Ipardes.