As manchetes dos jornais e as pesquisas não deixam dúvida de que nosso país sofre com uma enorme crise de confiança, que tem como alvo o governo e as instituições, mas que também se estende ao sistema econômico e a uma boa parte da nossa sociedade.
Nos últimos anos, a elevada corrupção e a incapacidade dos líderes políticos de Brasília em encontrar uma solução para a atual e prolongada crise econômica têm exacerbado essa queda de confiança. Nota-se isso, claramente, pela maneira positiva como o mercado reage diante de qualquer crescimento da preferência que o candidato da oposição passe a demonstrar nas pesquisas.
Mas quais são as consequências dessa crise de confiança?
Inicialmente, é certo dizer que a ausência de confiança afeta diretamente a "prosperidade". É a confiança que faz os mercados funcionarem, e a sua falta provoca imediata redução ou retração de capital e de liquidez. Stephen Covey indicou que a corrupção reduz a confiança e, quanto mais corrupto se mostra um país, menos próspero ele se torna. "Ao reduzir a confiança, os custos se elevam, e diminui a velocidade para executar projetos e empreendimentos", ressalta Covey. E o neuroeconomista Paul Zak e o economista Stephen Knak têm ressaltado que "as sociedades de alta confiança produzem mais que as sociedades de baixa confiança", porque a alta confiança é multiplicadora de desempenho, que se converte diretamente em maior prosperidade: receitas, lucros, ganhos econômicos e resultados melhores. A baixa confiança, por outro lado, gera a corrosão do desperdício, que penaliza as interações e diminui a prosperidade.
Além disso, há um aspecto favorecido diretamente pela confiança: é a "energia" não somente a física e emocional, mas também o comprometimento, a criatividade, a saúde, o bem-estar e a felicidade. Quando há confiança em um grupo ou organização, cria-se imediatamente uma sinergia que produz colaboração e cooperação. Equipes com baixa confiança passam a conviver numa tensão exaustiva, que consome energia sem dar retorno, mina o comprometimento, produz ineficiência e impede a criatividade e a inovação.
Ocorre que, hoje, exatamente esses elementos são considerados as forças motrizes para o desenvolvimento da atual sociedade do conhecimento. "A existência de confiança libera o espírito humano para ser criativo, generoso e autêntico, em vez de defensivo, cético e falso", diz Tom Hayes. Além disso, Paul Zak e Ahlam Fakhar concluíram, por meio de pesquisa científica, que, enquanto uma renda maior é apenas ligeiramente associada a uma felicidade maior, há evidências científicas de existir uma forte relação bidirecional entre confiança e felicidade.
No âmbito do estado do Paraná, falou-se muito, especialmente durante a última campanha política, da "autofagia destrutiva" ainda exercida por alguns políticos: eles chegam a impedir o ingresso de recursos financeiros para o estado se isso não lhes render, pessoalmente, algum retorno político. Falou-se, também, da necessidade de se fortalecerem, no estado, a credibilidade e o espírito geral de confiança. O governador reeleito, inclusive, utilizou em sua campanha o mote "Paraná que acredita". Nada melhor para expressar exatamente isso: que precisamos restabelecer um clima de confiança, voltando a acreditar em nós mesmos, em nossa população e em nossas instituições. Só assim seremos prósperos, encontraremos a energia necessária para viabilizar nossos sonhos e anseios, e podermos construir, juntos, uma sociedade que seja feliz em trabalhar e em residir aqui, orgulhando-se do Paraná e defendendo as suas causas.
Assim, o "Paraná que acredita" simboliza a fé que devemos ter em nós mesmos, a esperança de que é aqui que está o futuro: para nós, para os nossos filhos e netos! Parafraseando nosso grande Romário Martins, que essa fé seja constante em nosso realizar, que seja ilimitada a confiança em nosso futuro, que tenhamos sempre orgulho consciente, mas crítico, de nosso passado, dinamismo em nossa vitalidade, heroísmo pacífico no trabalho bem feito e confraternização com todas as origens que compõem nosso tecido social!
Marcos de Lacerda Pessoa, mestre em Engenharia, mestre em Filosofia, Ph.D., é engenheiro consultor assessor da Presidência da Copel.
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