Vocês viram? Mais rodovias no Paraná serão entregues à iniciativa privada. Desta vez, o trecho compreende 2,6 mil quilômetros, incluindo a BR-476, com início na Lapa. O lote terá, aqui no estado, extensão total de 493,3 quilômetros. A concessão integra a BR-476 às BRs 153, 282, 480, passando por Chapecó e chegando até a divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul.
Segundo o governo, a entrega irá acontecer devido o trecho ser estratégico para o setor pecuário do sul do país, já que as principais zonas produtoras de carnes vão ter acesso aos portos de Paranaguá e Santos, os mais importantes para o escoamento dos produtos. De toda a extensão, o contrato de concessão prevê que 2.282 quilômetros sejam duplicados, obrigatoriamente, pela concessionária. Os investimentos previstos nas cinco rodovias são estimados em R$ 17 bilhões ao longo da concessão, cujo prazo varia entre 20 e 30 anos.
Resta saber se toda a estimativa de investimentos e exigências do acordo será cumprida. Exemplo disso é que o governo federal adiou, recentemente, mais uma vez a entrega da duplicação da Serra do Cafezal, principal gargalo da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), que liga São Paulo ao Sul do país. A obra se arrasta desde a década de 90 e deveria ter sido concluída em 2012, conforme cronograma de quando ela foi privatizada pelo governo Lula, em 2008. Chegamos a comemorar o andamento dessa importante duplicação, mas, mais uma vez, o fim dessa reivindicação está longe de acabar, com um novo prazo já oficializado: começo de 2017.
O ministro dos Transportes, César Borges, confirmou que, além da privatização do trecho, as demais concessões, feitas ainda na década de 90 e com vencimento nos próximos anos, serão relicitadas. O objetivo do governo é reduzir a tarifa cobrada nas rodovias mais antigas. Vale lembrar que, aqui no Paraná, por exemplo, se o motorista quer fazer o percurso de Curitiba até o litoral, em um carro de passeio, vai gastar R$ 30,80 no percurso de ida e volta (aproximadamente 200 quilômetros). Para os caminhões, que levam a carga até o Porto de Paranaguá, o valor é muito maior, dependendo da quantidade de eixos que possui. Isso sem contar os altos preços praticados nas estradas que vão de Curitiba a Cascavel, Londrina, Guarapuava e Foz do Iguaçu.
Resta aos motoristas que trafegam diariamente pela BR-476 torcer para que aconteçam os investimentos acordados.
Se o valor da tarifa for justo e a pista for duplicada realmente, outro ponto positivo é a segurança e a redução de acidentes, o que infelizmente não ocorre na Serra do Cafezal, trecho que já deveria ter sido duplicado. Não queremos ver irresponsabilidade tamanha como o descaso com a BR-116 ou os preços abusivos praticados, queremos ações eficientes e cumprimento das normas e premissas estabelecidas.
Gilberto Antonio Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).
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