Proibir a instalação do pedágio urbano me parece não ser a solução. É preciso estudo e pesquisa, o que não anula o vis­­lumbre da possibilidade de limi­­tação de circulação de carros em es­­pa­­ços urbanos

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A cidade cresce, evolui e, junto com ela, seus mecanismos de tráfego também. Nesse contexto, Curitiba tem apresentado índices cada vez maiores e mais constantes de congestionamento. Já enfrentamos momentos tão críticos no trânsito da capital paranaense, que especialistas no setor começam a buscar soluções mais drásticas, como o pedágio urbano.

Ferramenta polêmica de mobilidade urbana, o pedágio tem prós e contras muito equilibrados. Por isso pode acabar sendo interpretado equivocadamente. É preciso analisar o quadro de uma maneira ampla, sem pontuar apenas o lado do pedestre, do motorista ou mesmo do contribuinte fiscal.

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Como todos os dispositivos de controle no trânsito, o pedágio precisa ser pensado e planejado; afinal, sua implantação demanda uma série de alterações no mecanismo de movimentação e fluxo. No caso específico de Curitiba, é importante que os responsáveis pelo trânsito comecem a pensar já nesta possibilidade.

No Paraná, as autoridades têm manisfetado publicamente a preocupação com o crescimento da frota de veículos. Já em 1998, a Secretaria Estadual de Transportes chegou a ventilar a possibilidade de instalar pedágio urbano nas grandes cidades.

Conceitualmente, o pedágio pode ser definido de maneiras diferentes e, consequentemente, ter formatos distintos também. A concepção de uma ferramenta burocrática, que vai atrapalhar ainda mais o dia a dia é equivocada. Na verdade, o intuito é desestimular o uso de veículos e criar um fundo de investimento voltado para o trânsito. É uma tendência mundial que tem funcionado muito bem em Londres, Cingapura e também em Estocolmo.

Inclusive, em Estocolmo, o sistema iniciou com 75% das pessoas contra, dois anos depois, 67% aprovavam a instalação. O fato é que as pessoas preferem pagar e andar a perder tempo no engarrafamento.

Proibir a instalação do pedágio urbano me parece não ser a solução. É preciso estudo e pesquisa, o que não anula o vislumbre da possibilidade de limitação de circulação de carros em espaços urbanos. É uma alternativa de médio e longo prazo que precisa ser discutida.

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Devemos encarar a realidade dos congestionamentos no Brasil. Considerando que a quantidade de veículos nas ruas aumenta em uma taxa maior do que a capacidade que as cidades têm de abrigá-los, seja por falta de espaço ou pela morosidade das obras necessárias, sou a favor da implantação do pedágio urbano.

O pedágio é uma necessidade absoluta como uma forma de organizar o trânsito nas áreas de grande concentração de tráfego. Ele democratiza o custo do espaço nas áreas centrais da cidade, pois os maiores usuários passam a pagar mais que os menores usuários, e é uma fonte interessante de recursos para a melhoria constante do trânsito nesses locais. Além disso, estimula o uso do transporte público e uso partilhado dos automóveis.

As pessoas são avessas ao controle e educação; não gostam de controladores de velocidade ou multas. Não há lugar onde o trânsito vá bem sem um controle rigoroso. Nesse sentido, toda forma de controle é muito bem-vinda.

José Mario de Andrade é diretor de Negócios Internacionais da Perkons, empresa especializada em tecnologia para a segurança e gestão integrada de tráfego.