Assuntos morrem. Alguns, porém, precisam ser eternos, pois têm relevância que exige perenidade. A cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol é um desses temas que quando saem de pauta não criam apenas um jazigo. Criam um cemitério. Cemitério de esperanças, direitos humanos e dignidade dos cidadãos; de princípios, valores e credibilidade das instituições; da legalidade, da democracia e das liberdades. E é só pensar um pouco e novas covas surgirão.
É preciso, então, voltar ao tema para que mais não feneça. É preciso repetir, à exaustão e à multidão: os que fizeram isso, algo que jamais se viu antes, verdadeiro “ninho de éguas” (como dizia velho amigo meu), contam muito de si mesmos e nada de quem foi pessoalmente atingido pela decisão.
Tiraram de cena o representante de 344 mil eleitores paranaenses e passaram o rodo sobre a Justiça paranaense e seu ministério público.
Uma reunião de condomínio não demite em apenas um minuto o rapaz que corta a grama; um grupo de bolão não troca a bola do jogo em um minuto. Nessa minúscula fração de algo que se possa chamar tempo de reflexão e decisão, foram tomados de um deputado federal, não por acaso figura já brilhante da oposição, os direitos e o poder que conquistou nas urnas. Apenas dele? Não. Tiraram de cena o representante de 344 mil eleitores paranaenses e passaram o rodo sobre a Justiça paranaense e seu ministério público. Isso pegou mal? Não gostou? Toma com chá.
Assoa-se o nariz com mais cuidados higiênicos! A pressa é inimiga da perfeição, mas é instrumento das tiranias, é bom lembrar. Não queriam os apressados que a Câmara dos Deputados votasse num zás-trás o PL da Censura? O ministro da Justiça não alertou os dirigentes das plataformas das redes sociais que tomassem como referência as determinações instantâneas e as sanções pesadas do período eleitoral como referência para sua atividade cotidiana? Não sinalizou, assim, a impetuosidade e o atropelo como conduta do poder que tudo pode?
Já li em sites jurídicos de esquerda, artigos louvando a iniciativa, felicitando a corte por um “avanço qualitativo” na Lei da Ficha Limpa. Depois de tudo que recuaram com Lula? Condenar a partir de uma corrente de suposições sobre o futuro é avanço, sim, para quem quer acabar com a segurança jurídica.
Este assunto não pode morrer. Para que muito não feneça em todos nós, é preciso que este assunto não morra e os stalinistas de plantão não reescrevam sua história.
Percival Puggina, arquiteto, empresário e escritor, é membro da Academia Rio-Grandense de Letras, e autor das obras “Crônicas contra o totalitarismo”; “Cuba, a tragédia da utopia”; “Pombas e Gaviões”; e “A Tomada do Brasil”. É integrante do grupo Pensar+ e autor do site Liberais e Conservadores.
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