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Neste domingo, o Brasil deve conhecer a primeira marcha popular espontânea de sua história. Os movimentos de massa do passado sempre foram orquestrados por sólidas organizações da sociedade civil e, nesse sentido, erra quem pensa que as manifestações de 2013 surgiram da “vontade popular”.

Naquele ano, tudo começou com o Movimento Passe Livre, um dos braços de manipulação de massas da esquerda. Articulado com o governo federal, o “coletivo” –inspirado nos sovietes – tinha como missão constranger o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Deu errado.

Embalado pelas mais variadas frustrações e interação das redes sociais, o povo de verdade ganhou as ruas, a esquerda perdeu a pauta e, então, Gilberto Carvalho, responsável pelo diálogo do governo com os “movimentos sociais”, escalou os black blocs para promover baderna e induzir a população de bem a ficar em casa.

Ao contrário do que diz a intelectualidade esquerdista, o movimento atual que repudia o governo do PT não é orquestrado por organizações tradicionais, tampouco pela “elite”.

O que está prestes a acontecer é a mais genuína e legítima manifestação popular contra um governo que o país já presenciou

As conhecidas organizações da sociedade civil, como OAB e federações da indústria ou comércio, que outrora foram ativas no processo de mobilização, como em 1964 ou na campanha “Diretas Já”, estão ausentes da mobilização de domingo, seja por dormência ou por alinhamento ao governo. A UNE, protagonista das manifestações contra o regime militar e do “Fora Collor”, fuma no cachimbo do governo. A elite financeira, acostumada com a teta das estatais e do BNDES, está amarrada ao governo. Já os sindicatos, em sua maioria, são praticamente o próprio governo.

Ocorre que as redes sociais tornaram as organizações tradicionais obsoletas e as pessoas podem se articular livremente, sem intermediários, criando novas estruturas que representem as aspirações populares de fato. Foi assim que surgiram os grupos Movimento Brasil Livre, Revoltados On-Line e Vem pra Rua, para citar os mais expressivos. São grupos essencialmente democráticos e de viés liberal – com diferenças entre si – e que capitaneiam o sentimento de revolta das pessoas contra a corrupção desenfreada e o viés totalitário do projeto petista. Há ainda um grupo inexpressivo que defende a intervenção militar, mas é fortemente repudiado pelos outros.

Gente de todas as classes sociais, principalmente média e baixa, faz doações de pequenas quantias de dinheiro para financiar os eventos de rua. Ou seja, o povo move os grupos e não o contrário.

De forma cínica, a esquerda se nega a aceitar esse fenômeno e procura retirar a legitimidade dessas iniciativas. Especula que são financiadas por grandes corporações com interesses escusos e as acusa de golpistas. Mera dissimulação.

O que está prestes a acontecer é a mais genuína e legítima manifestação popular contra um governo que o país já presenciou. A estratégia petista de infiltrar ou corromper instituições e organizações tradicionais para dominar as massas começa a ser superada.

Assim como Marx, os ideólogos do PT foram surpreendidos pela capacidade de inovação e adaptação do capitalismo, que proporcionou alto grau de informação sobre os crimes dos governos petistas e capacidade de articulação autônoma e fora da esfera de controle governista.

É isso, o capitalismo libertou o povo do domínio da esquerda. Às ruas.

Paulo Eduardo Martins é jornalista.
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