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Opinião do dia 1

O PPCV contra o PCC

O governo federal e o governo de São Paulo abandonaram a dinâmica do confronto e acertam seus relógios para enfrentar a nova ofensiva terrorista do PCC.

Não é o bastante. A situação exige algo maior, mais eficaz e consistente: um pacto entre as forças políticas. Em outras palavras, uma trégua eleitoral. E uma trégua eleitoral significa expulsar Marcola dos palanques. Imediata e incondicionalmente. Concreta e figuradamente.

Só o presidente da República pode encerrar esta lamentável exibição de antropofagia encenada pelos políticos. Não será fácil pois na condição de candidato, o presidente da República é um dos comensais deste festim canibalesco. O chefe da nação está, assim, desafiado para um teste decisivo: só terá a autorização para envergar a faixa de estadista se interromper o seu lero-lero mitingueiro e declarar como zona neutra o combate ao narcoterrorismo.

Este será um ato de coragem pessoal e cívica que só o presidente Lula pode assumir. Não depende de ninguém, não exige um estatuto, nem carece de assinatura. Basta serenidade e grandeza. De preferência desacompanhadas de metáforas futebolísticas.

A senadora Heloísa Helena, outra candidata à Presidência, vem proclamando nos últimos dias a necessidade de um "novo pacto federativo" para enfrentar o crime organizado. Parabéns: percebeu uma oportunidade para destacar-se como uma terceira via entre situação e oposição.

Embora exímia no uso do vernáculo, a senadora tropeçou na tecnicalidade: um pacto federativo exige uma emenda à Constituição. Não há tempo para isso. Estamos perto de uma ruptura institucional.

A situação exige não um choque de gestão mas um choque de grandeza. Injeção de hombridade. Se possível, associada a altas doses de dignidade e civismo, fórmula que em outros tempos já foi chamada de patriotismo.

Também não há clima para gigantescas passeatas pela paz. Está frio demais para reunir 1 milhão de pessoas no Anhangabaú ou na Candelária envergando leves batas e camisetas brancas. Perdemos anos preciosos imaginando que venceríamos o narcoterrorismo com ações políticas chiques e mundanas. O quadro mudou: hoje temos ONGs a serviço do crime. O PCC ainda não desfraldou a bandeira de "responsabilidade social" por falta de tempo. Chegará lá.

A única saída é dar um basta à guerra de acusações eleitoreiras e a este surto de baixa política. Ofendem o bom senso, agridem a República, remetem ao irredentismo rústico que nos empurrou para tantos retrocessos. Inclusive para a ditadura implantada em 1964.

Acusar o PT de estar associado ao PCC é paranóia, como é paranóia insinuar que a situação em São Paulo ainda não justifica uma intervenção federal. O Pacto Político Contra a Violência é o único antitóxico recomendado contra esses delírios.

O país precisa criar urgentemente um território livre do radicalismo político, um santuário de sensatez capaz de enfrentar as emergências com um mínimo de solidariedade. Em algum lugar dos espíritos, em algum recanto do regime deve ser demarcada uma nesga de terreno onde reinem o senso de responsabilidade, a prudência e a deferência.

Precisamos construir um bunker onde possa reinar um mínimo de respeito mútuo. Uma terra-de-ninguém ao contrário – terra-de-todos, capaz de fomentar os denominadores comuns sem os quais é impossível criar comunidades ou nações. A xenofobia política e a virulência pseudo-ideológica estão nos transformando num conjunto de tribos famintas, desvairadas pela miragem do poder e que só conseguem movimentar-se às vésperas de eleições, de olho no seu botim.

Um Pacto Político Contra a Violência – o PPCV – é o único antídoto para acabar com o PCC.

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